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Patricia Lins e Silva

Por Patrícia Lins e Silva, pedagoga Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Educação
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Volta à escola com indagações, problemas e propostas de soluções

Aprender conversando e buscando soluções para problemas reais da vida é interessante e até empolgante

Por Patricia Lins e Silva Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
17 fev 2023, 15h53
Mulher yanomami alimenta o filho em rede no acampamento montado às margens da BR-174 onde vive a família. Eles contam que andaram mais de 10 dias para chegar em Boa Vista.
Yanomamis: crise sanitária pode ser foco de discussões na volta à escola. (Rovena Rosa/Agência Brasil)
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 Na volta às aulas, aqui no Rio, o calor do verão se mistura à empolgação dos alunos, que entram na escola ansiosos para encontrar novos colegas, novos professores, novos assuntos. A escola espera todos com alegria porque uma escola sem alunos é o lugar mais triste do mundo.

Nas férias, os alunos tiveram suas experiências, cresceram, amadureceram. Provavelmente grudados em alguma ferramenta digital. Os pais deles jamais tiveram tanta informação quando tinham a mesma idade que eles. No século 21, a mediação das crianças e jovens com a realidade é feita, principalmente, através da tecnologia digital. São enlaçados nela e não há como separá-los. Atualmente, o estudante que a cada ano chega à escola é diferente dos anos passados, numa mudança cada vez mais rápida.

Existem aqueles que nem acesso à escola têm, infelizmente, o que é uma tragédia para o país, que não forma mão de obra qualificada para o futuro. Mas contamos que a partir de 2023 o Ministério da Educação seja vigilante, dinâmico e acredite que os países se desenvolvem com uma boa educação pública.

A tecnologia digital mudou o modo de viver e, com a internet, é uma ferramenta poderosa e divertida que, entre muitas outras movimentações leva a meninada a acessar o mundo inteiro, outros países e culturas, o que influencia a linguagem, a imaginação e a visão de mundo. Atende a diversas necessidades imediatamente, em qualquer tempo e lugar, permitindo acesso a todo o tipo de informação e de comunicação além de trabalho e lazer.

 A escola tem aprendido muito e continua numa adaptação trabalhosa, porque é difícil competir com o mundo digital, que é variado e rápido, quando a construção de conhecimentos na escola exige tempo, paciência, persistência, concentração. Na sociedade de consumo, como transpor o desejo de consumir objetos concretos – tênis, camisetas, roupas, jogos – para o desejo de ter conhecimento?

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Aprender depende de interesse pessoal, de necessidade, de construção da autonomia de pensamento, de concentração. Mais do que convencer os alunos de que o conhecimento torna a vida atraente é preciso instigar o interesse deles pelos assuntos, o que pode vir na forma de um problema que precisa de solução. Por exemplo, observar bem a sala de aula e pensar se haveria uma maneira melhor de dispor os móveis, que fosse mais prática, mais agradável. É uma boa aula de matemática. Exige medir o tamanho da sala e dos moveis, desenhar uma planta, discutir se realmente existe uma solução melhor. A turma se divide em grupos para realizar os projetos. Ao final, os grupos podem trabalhar juntando todas as ideias ou escolher aquela que acham melhor.

Os alunos podem participar de decisões na sala de aula, como os horários, a limpeza, o embelezamento do espaço; tudo tem que ter argumentação lógica, com soluções escritas, desenhadas ou recortes e colagens, a partir de pesquisa. E com muita discussão. Uma sala onde se aprende é muito barulhenta, porque existe troca de opinião e de saberes, mas os objetivos são definidos e todos sabem o que estão fazendo e para quê.                                           

Outro assunto que pode ser foco de discussões agora na volta à escola é a crise sanitária dos índios yanomamis. As crianças certamente já ouviram e viram na TV. E podem contar o que sabem e o que pensam. O que é ser índio e por que agora são chamados de povos originários? São uma cultura diferente da nossa e não pior que a nossa. Têm outros saberes, outras maneiras de explicar o mundo. O que é cultura?  Havia povos originários vivendo no Rio de Janeiro quando os portugueses chegaram. Onde estão? A cultura deles é ou era igual à dos yanomamis? É um ponto de partida para aprender História e Geografia, Ética, Filosofia etc etc. Será que esses povos usam algum tipo de matemática, de contagem? O que podemos aprender com eles?

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Com essas conversas se obtém informação, se aprende a refletir sobre diferenças, a buscar soluções para problemas e a participar e interferir nos destinos da sociedade.  

Aprender conversando e raciocinando sobre os problemas reais da vida é interessante e até empolgante. O que pode ser uma das novidades que os alunos vão encontrar na escola no ano que começa.

Bom ano letivo para os alunos, professores e para todos os que trabalham na escola!

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