Festas juninas suburbanas tomam as ruas e os parques da cidade
Bumba Meu Boi em Parada de Lucas, festa de São João na Quinta da Boa Vista e aniversário do Parque Madureira!
A cultura suburbana segue provando seu valor, força e resiliência. Exatamente um mês após o aniversário de 410 anos de Madureira, agora chegou a vez de comemorar, dentro da mesma semana, os 122 anos de nascimento do mestre Paulo da Portela (18), os onze anos de inauguração do Parque Madureira (23) e as inúmeras celebrações do Dia de São João (24).
Para aquecer o frio do inverno recém chegado as festas se estendem pelo país a fora, temos por exemplo o início do importante Festival Folclórico de Parintins, no Amazonas, com a tradicional disputa entre os Bois Garantido e Caprichoso. Em meio a pluralidade espacial dos subúrbios cariocas também encontramos, no bairro de Parada de Lucas, um grupo de representantes da tradição maranhense que foram responsáveis por criar desde a década de 1980 o Bumba Meu Boi Brilho de Lucas.
Não podemos esquecer que comemoramos, juntamente com as festas juninas, o Dia Nacional do Bumba Meu Boi, assim como em muitos terreiros saudamos Xangô, Ogum e Oxóssi.
Entre os santos da Igreja Católica, em junho temos os dias de Santo Antônio (13), São João (24), São Pedro e São Paulo (29), e São Marçal, fechando o mês (30). São João é considerado o mais popular entre todos os outros santos juninos, o mais próximo de Cristo, pois além de ser seu primo de sangue, foi ele o responsável pelo batizado de Jesus nas margens do Rio Jordão.
Daí surgiram as fogueiras, pois seus pais Isabel e Zacarias acenderam uma para comemorar e avisar sobre o nascimento de João, que nasceu na Judeia no ano II a.C., e se tornou popular vivendo como um nômade e pregando para as pessoas a importância do batismo.
Esse mês tão potente para nossas sociabilidade já começou com a participação suburbana nas comemorações do aniversário de 205 anos do Museu Nacional. Durante a roda de conversa “Um Museu feito de gente – diálogos sobre subúrbios e periferias”, surgiu a possibilidade de fortalecer a parceria entre a Coordenação de Extensão do Museu Nacional/UFRJ e o coletivo Diálogos Suburbanos.
Em 2023 o Diálogos Suburbanos completa 5 anos de atuação. Organizado a partir de 2018, logo no ano seguinte o projeto realizou um ciclo de 7 eventos no Palácio Rio 450, no bairro de Oswaldo Cruz, trazendo para o centro das atenções vivências e reflexões sobre os subúrbios, suas moradias e espaços de sociabilidade, tradições e patrimônios materiais e imateriais, sob a ótica suburbana.
A retomada presencial das atividades pós-pandemia, também marcar o início da construção da Revista Novos Diálogos Suburbanos. Em formato digital, que visa abrigar textos de escrita criativa, pesquisas, entrevistas, reportagens e outros conteúdos. O projeto conta com a colaboração de pesquisadores, escritores, artistas, professores e ativistas das zonas norte e oeste da cidade.
Com patrocínio do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro, os encontro que são sempre gratuitos e abertos ao público, retomam os debates sendo realizado na Biblioteca do Horto Botânico do Museu Nacional – Quinta da Boa Vista, neste sábado (24/06/2023), às 14h, com direito a música e comidas juninas.
Entre os debatedores teremos: Adriana Facina – historiadora, antropóloga e professora do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional/UFRJ, Cláudio Jorge Soares – jornalista, mestre e doutor em Politicas Sociais, pesquisador do Lab. Estudos do Espaço Antrópico/UENF. Vice-presidente do Instituto Cultural 100% Suburbano e Sandra de Sá Carneiro – doutora e professora Adjunta de Antropologia do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da UERJ.
As inscrição garantem certificado e podem ser feitas pelo link: bit.ly/3PGhi5Z
Da Quinta da Boa Vista para a Grande Madureira, neste final de semana também tem arraiá na quadra da centenária Portela. por falar em Madureira, aproveitamos para rememorar o aniversário de inauguração do Parque Madureira. Certamente Paulo Benjamin de Oliveira ficaria muito feliz ao saber que no coração dos subúrbios surgiria, em 2012, o terceiro maior parque público da cidade. Esse verdadeiro cartão postal, com 450 mil metros quadrados de áreas de lazer e cultura, desde o final de 2021 passou a se chamar Parque Mestre Monarco.
Inaugurado em 23 de junho de 2012 e ampliado em 2015, esse equipamento é um verdadeiro misto que cultura, lazer, esporte, educação e muita sociabilidade. Situado entre os bairros de Madureira e Guadalupe, passando por Turiaçu, Oswaldo Cruz, Bento Ribeiro, Honório Gurgel, Marechal Hermes e Coelho Neto, o parque tem quadras para a prática de esportes, pista de skate, ciclovia, praia artificial, quiosques, além da Nave do Conhecimento, da Arena Fernando Torres e da Praça o Samba.
Terminamos lembrando de 2022, duramente as comemorações de dez anos do parque, onde a cantora, compositora, bailarina e produtora Fernanda Abreu preparou uma festa com mais de 80 artistas. Entre os convidados estavam nomes como Mart’nália, Sandra Sá, DJ Marlboro e Correlo DJ, entre muitas outra atrações musicais, de dança, moda e artes visuais. Tivemos o prazer de conversar com Fernanda Abreu, que nos contou: “Minha maior referencial musical é a música negra, principalmente o funk americano e o samba brasileiro. Para mim, Madureira é o berço da cultura negra carioca, eu sempre fui aos bailes charme no Portelão, no Viaduto e Disco Voador.
Com ajuda dos parceiros, como Pretinho da Serrinha e Marcelo Dughettu, além de uma equipe composta por mais de 300 profissionais trabalhando diretamente na montagem, segurança e funcionamento do show, Fernanda trouxe uma super infraestrutura para receber até 15 mil pessoas na festa Amor Geral.
“Dughettu foi fundamental para nosso evento. Quando idealizei o projeto, Marcelo foi a primeira pessoa que procurei. O convidei para ser o mestre de cerimônia do evento e também participar da curadoria, trazendo novos talentos de Madureira. Fui até a DuTo, produtora/gravadora que ele dirige no bairro, e conheci vários artistas da música, dança, moda e performance.”