Neste domingo, 12 de junho, não faltaram motivos para comemoração, principalmente, no bairro do Méier. No histórico reduto da cultura suburbana, a festa foi marcada por um grande arraiá junino que ocorreu no mesmo dia em que o Centro Cultural João Nogueira completava dez anos de criação.
No embalo do som do forró, da alegria das brincadeiras infantis e das deliciosas barraquinhas de comidas o público compareceu para saudar o Imperator, como é popularmente conhecido. Vale destacar que a história deste importante espaço remonta aos ano de 1954, quando foi inicialmente inaugurado com a pompa de maior sala de cinema da América Latina, na época com 2.400 lugares.
O Imperator certamente se tornou um dos maiores equipamentos culturais da Zona Norte do Rio de Janeiro. E atualmente homenageia merecidamente a memória do cantor e compositor João Batista Nogueira Junior. Quis o destino que esse ilustre e apaixonado morador do Méier nos deixasse num dia 5 do mesmo mês de junho. Lembrando que quando João Nogueira faleceu, em 2000, a casa de espetáculos passava pelo seu segundo longo período de fechamento, que durou dezesseis anos, entre 1991 e 2012.
Foi exatamente no mês de junho, há dez anos. que tivemos sua reabertura e agora, após um tempo parado em função da pandemia e de algumas reformas, o espaço volta a promover e esbanjar alegria. Tudo isso um mês após o aniversário de 133 anos do bairro do Méier, sem esquecer que ainda estamos comemorando também os 80 anos de nascimento do próprio mestre João Nogueira.
Segundo seu sobrinho Carlos Eduardo Nogueira Machado, mais conhecido no mundo do samba como Didu, o Imperator merece todo destaque. Didu Nogueira acaba de lançar – em parceria com o violonista, arranjador e compositor Jorge Simas – o álbum “Nascidos no Subúrbio”, que apresenta seis faixas inéditas de João Nogueira.
Assim como Simas, amigo e diretor musical de João Nogueira, Didu também foi um dos suburbanos que teve o prazer de acompanhar de perto a fundação do Clube do Samba, no Méier, em 1979. Atualmente o estandarte do Clube do Samba se encontra junto a outros objetos pessoais de João Nogueira em um memorial dentro do Imperator.
Didu Nogueira nos falou um pouco sobre a relevância do aniversário de 10 anos: “Hoje a importância do Centro Cultural João Nogueira é fundamental não só para Zona Norte do Rio, mas para toda cidade. É um equipamento público de cultura de altíssimo nível, que em sua transformação deu um salto de qualidade jamais visto nos subúrbios cariocas.
Essa homenagem a João Nogueira é mais do que justa, porque além de ter nascido no Méier, João sempre teve cuidado de citar positivamente, nas suas inúmeras entrevistas, o bairro e os subúrbios. Além das grandes figuras que aqui nasceram, como Millôr Fernandes, Hélio Delmiro, Leny Andrade e tantos outros.
Parabéns ao Imperator, aos moradores crias do Méier e a toda cidade do Rio que têm nesse equipamento um verdadeiro centro cultural que pode nos ofertar uma gama de atividades artístico-culturais da melhor qualidade.”
Também damos os parabéns a toda equipe do Imperator que, junto à Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, promoveram um belo evento. Desde sexta (10), uma grande programação tomou conta dos “espações” internos e externos da casa. Quem pôde passar por lá conferiu o Forró da Lapa, o Quarteto Baseado em Forró, o show de humor “Comédia Sem Acento”, terminando no domingo com um arraiá de aniversário com direito a bolo.
Por falar em festa junina, a chegada do mês de junho trás muitos outros motivos para os suburbanos comemorarem. Claro que as tradicionais festas juninas merecem uma atenção mais que especial, porém o mês ainda nos reserva datas como o Dia Nacional do Bumba Meu Boi, as saudações a Exu e Xangô, assim como aos santos da Igreja Católica: Antônio, no dia 13; João, dia 24; Pedro e Paulo, no dia 29; e Marçal, fechando o mês, no dia 30.
Não podemos terminar nosso texto sem citar que este ano a cultura nacional, especialmente o forró, tem obrigação de prestar homenagens ao aniversário de 110 anos de nascimento do mestre Luiz Gonzaga, no dia 13 de dezembro. Nem todos sabem que o nosso Rei do Baião morou na região do Grande Méier, no bairro do Cachambi, e que o projeto Negro Muro acabou de pintar um lindo painel bem em frente à casa em que o sanfoneiro morou.