Sábado passado, ressaca no mar e céu muito azul, saí para dar uma volta de carro com meu filho e minha mãe. A ideia era seguir a rota “Do Leme ao Pontal”, como cantava o Tim Maia. Só que decidimos ir além. E chegamos a um dos lugares mais bonitos do Rio de Janeiro: a subida para a Prainha e a chegada à Praia de Grumari. Mais uma vez me dei conta de como é bonito tudo por ali.
Grumari fica no extremo sul da orla carioca. É uma região de praias selvagens como a principal, Praia de Grumari, e também as outras do entorno, como as praias do Perigoso, do Meio, Funda, do Inferno e Abricó. Para chegar a esse paraíso, é preciso ir até o fim da Praia do Recreio onde fica o famoso Pontal (que o Tim Maia canta na música) e depois subir em direção ao Parque Municipal de Grumari.
Nesse ponto, há uma das vistas mais incríveis do Rio. A subida vai beirando a montanha e, lá do alto, se avista o mar de um azul imenso marcado por ondas disputadas pelos surfistas. É a Prainha, onde tudo remete a sol, mar, ondas, surf, num estilo de vida carioca-havaiano. Logo depois vem a Praia do Abricó, que não se pode ver da estrada. É a única praia destinada à prática do naturismo em toda a cidade.
Esse trecho que vai da Prainha ao Abricó costuma ser bem engarrafado pois, além de estreito, tem poucos locais para se estacionar.
Finalmente chega-se à Praia de Grumari. A bandeira vermelha na areia em todo o percurso sinalizava o estado do mar. Ninguém na água, uns pingados na areia. Ali encontramos um lugar chamado “Grumari Surf Bar”. Um quiosque vazio, ambiente super aconchegante e atendimento muito gentil dos donos e de outros amigos todos com cara de surfista. Poucas mesas e bem afastadas, e uma música incrível tocando em uma caixa de som! Ficamos. Precisávamos de água, banheiro e descanso antes de pegar o longo caminho de volta.
Não me lembrava mais como é incrível esse clima sunset do Rio. Aquele quiosque me renovou os ânimos. A vista é linda, a praia está ali – inclusive eles oferecem uns lounges na areia feitos de pallet que são uma delícia –, o cardápio vem cheio de opções leves e gostosas, com peixes de frutos do mar, drinques e sucos incríveis (o forte da casa!). E a música é ótima!!! Gostei tanto que tive que pedir a playlist aos meninos. Que delícia de lugar que a gente acabou parando por acaso!
A maior surpresa é que os meninos, os donos do lugar, não são cariocas. Mineiros de Belo Horizonte, Pedro Henrique (35) e Sergio Lacerda (36) são amigos há mais de 20 anos. Pedro foi quem começou o negócio, em 2017, e quando viu oportunidade de comprar o local, que eles alugavam de um alemão, chamou os amigos. À frente mesmo no dia-a-dia, estão Pedro e Sergio, que também são surfistas. Pedro estuda Direito e Sergio é publicitário, mas o ganho pão e a motivação dos dois vem mesmo do trabalho por ali.
“Quando você trabalha com o que ama, não parece que está trabalhando. É uma sociedade com grandes amigos, um sonho de vida sendo realizado, com muito trabalho, mas aproveitando a vida, tendo qualidade de vida”, diz Pedro.
Antes da pandemia, eles faziam eventos chamados (não por acaso) de “Sunsets”. Começavam às 13h, com DJs tocando samba-rock, MPB, rock clássico, deep house. Mais pro fim da tarde, acompanhando o pôr do sol, passavam para um som mais acústico, porque o quiosque fica na região do Parque de Grumari. Já tocaram por lá DJs e músicos conhecidos, como Marcelinho da Lua e o saxofonista Rodrigo Sha, mas também artistas da região que eles fazem questão de prestigiar. Além disso tudo, o quiosque ainda oferece aulas de surf, aluguel de prancha e brinquedoteca.
O Rio é mesmo é uma surpresa e quanto mais a gente anda, mas encontra lugares incríveis para conhecer. Recomendo demais um passeio a Grumari, partindo do Leme, passando por Copacabana, Ipanema, Leblon, Av. Niemeyer, São Conrado, Barra, Recreio, Prainha, com desembarque nesse recanto super aconchegante da Praia de Grumari.
Rita Fernandes é jornalista, escritora e pesquisadora de cultura e carnaval.