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Rita Fernandes

Por Rita Fernandes, jornalista Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Um olhar sobre a cultura e o carnaval carioca
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Vem aí a 6ª Edição do Honk! Rio, que vai ocupar as ruas da cidade

Festival terá 38 fanfarras e será realizado em múltiplos espaços públicos simultâneos, com grupos cariocas e de outros estados

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Atualizado em 10 nov 2022, 14h07 - Publicado em 10 nov 2022, 13h11
Os grupos se apresentam em ruas e praças do Centro, Zona Sul e Zona Norte.
Os grupos se apresentam em ruas e praças do Centro, Zona Sul e Zona Norte. (Divulgação/Divulgação)
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Depois de dois anos sem ser realizado por conta da pandemia, vem aí a 6ª Edição do Honk! Rio, o festival internacional de fanfarras que vai tomar conta das ruas e praças da cidade a partir desta quinta (10) até terça (15). São 38 fanfarras de fora do Rio – uma da Colômbia e outras dez de estados como Minas, São Paulo e do Distrito Federal –, além de 27 cariocas, programadas para se apresentarem no Centro, Zona Norte e Zona Sul.

Com uma agenda gratuita espalhada nos seis dias, o Honk! começa com duas rodas de conversa no Conversa Aberta, a partir de 18h, no espaço cultural Motocerva, na Lapa. A primeira traz o tema “Acessibilidade e anticapacitismo no contexto das fanfarras e do carnaval” e a segunda “Ocupação dos espaços públicos e conflitos urbanos”. No final, haverá apresentação em cortejo das fanfarras Labirintos Públicos e Blonk.

Na sexta (11), tem a abertura na Cinelândia, com 18 fanfarras que se apresentam durante sete horas e que devem reunir mais de duas mil pessoas, a partir de 18h. Estarão presentes, entre outras, Metais Pesados, Orquestra Circônica, O Baile Todo, Bloconcé, Os Siderais, Trombetas Cósmicas do Jardim Elétrico, La Bampayera (Colômbia), Bloka, Maluvidas (DF), Studio 69, Labirintos Públicos x Tropicaos (DF), Calcinhas Bélicas, Bloco das Tubas e Calango Careta (DF).

Terceiro e quarto dias do festival (12 e 13) contam com quatro palcos diários, em diferentes bairros da cidade, com desfiles a partir de 14h. Pira Olímpica, Boulevard, Rua do Mercado, Lapa, Largo das Neves, Praça Montese, Aldeia Maracanã e até o Engenhão recebem uma extensa programação musical descentralizada.

Na segunda (14), o encontro é à beira-mar, levando as fanfarras para a orla carioca, a partir de 15h, no Arpoador. Na terça (15), último dia, o encerramento será no Aterro do Flamengo, ícone de apresentações de fanfarras durante o período carnavalesco.

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Toda a programação do Honk! Rio é gratuita, colaborativa e está disponível no Instagram do projeto: @honkrio.

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As fanfarras são responsáveis por uma forma democrática e mais livre de ocupação musical das ruas da cidade. (Divulgação/Divulgação)

Dos Estados Unidos pro mundo

O Honk Festival! surgiu em 2006, como uma iniciativa da fanfarra norte-americana “Second Line Social Aid & Pleasure Society Brass Band”. Com o objetivo de proporcionar o encontro entre as diversas fanfarras que surgiam espalhadas por várias cidades americanas, e de levar música às ruas e praças da pequena cidade de Somerville, em Massachusetts, onde estão sediadas, o Festival Honk! foi inteiramente desenvolvido de forma colaborativa e voluntária.

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O sucesso da primeira edição tornou o Festival Honk! um evento anual da cidade de Sommerville (atualmente na 12ª edição), e passou a reunir fanfarras de vários países do mundo. Acabou espalhando a ideia a um conjunto de eventos semelhantes ao redor dos Estados Unidos e no mundo, desde então.

Ocupação livre e democrática das ruas

As fanfarras são esses blocos do carnaval de rua que surgiram a partir da primeira década dos anos 2000, dispensando carros de som e amplificadores e que se deslocam embalados por conjunto de sopros e percussão. O Songoro Cosongo e a Orquestra Voadora são dois precursores no Rio. As fanfarras hoje têm forte presença nos espaços públicos cariocas, como o Aterro e a Praça Paris, para além do período de carnaval.

No conceito, as fanfarras são “uma banda marcial, no sentido de marchar, caminhar, se deslocar” e surgiram bem lá atrás, nos séculos 18 e 19 no meio militar, formadas por muitos integrantes. Foi no início do século 20 que elas tiveram seu auge, até se guanharem um formato mais folclórico e restrito. No século 21, um novo tipo de carnaval proporcionou o renascimento explosivo desta forma de fazer música e de ocupar a cidade.

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Em diversas localidades no mundo, mas especialmente no Rio, uma nova geração de músicos vem promovendo o renascimento desse formato musical, incorporando ritmos e estilos mais contemporâneos que incluem rock, funk, hip hop, afrobeat, jazz, música cigana, sem abandonar, é claro, tradições como samba, carnaval, maracatu e frevo.

Esse movimento foi batizado de “Neofanfarrismo”, e a reinvenção das fanfarras se espalhou pelo mundo, ocupando cada vez mais os espaços urbanos. No Brasil, de forma intimamente conectada ao carnaval, é uma das forças por trás do carnaval de rua atual.

Sempre baseadas nos mesmos princípios de produção colaborativa e voluntária que regeram o primeiro festival, nos Estados Unidos, já foram realizadas dezenas de edições do Honk! Festival. No Brasil elas acontecem desde 2015, no Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte e Brasília.

Rita Fernandes é jornalista, escritora, presidente da Sebastiana e pesquisadora de cultura e carnaval.

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