No agreste pernambucano, a 230 km de Recife, o rapper carioca Xamã lotou a Praça Mestre Dominguinhos, no último domingo (17), no 30º Festival de Inverno Garanhuns (FIG), obrigando a prefeitura da cidade a fechar por momentos o acesso ao local. Maior sucesso de público até agora no FIG 2022, Xamã reuniu mais de 60 mil pessoas que ignoraram a chuva e o frio característicos da cidade nesta época do ano, depois de uma polêmica sobre um possível cancelamento do seu show, desmentido pelo cantor. É isso: Xamã é sucesso no Brasil.
O FIG é um dos maiores festivais do país, com mais de 800 atrações, divididas entre 25 polos culturais espalhados pela cidade. Com destaque para a música, mas não só, o festival também abraça teatro, circo, literatura, cinema, entre outras linguagens, e recebe artistas novatos e consagrados da música nacional, como Lenine, Simone, Titãs, Chico César, Gal Costa, Duda Beat e Baco Exu do Blues. Um grande encontro de ritmos, dos populares ao erudito, da MPB, do samba, do rap, do hardcore e até do metal. E, no meio desse grande universo musical, 22 artistas cariocas, dos mais diversos estilos, estarão por aqui.
A programação é extensa e diversa, e conta com uma curadoria excepcional (veja em https://www.cultura.pe.gov.br/fig2022). A partir desta sexta (22), percorro essa maratona de novidades, a convite da organização do festival, e que compartilho por aqui. E começo neste texto, dando destaque para a participação dos cariocas que vão nos representar.
Da cena carioca, no primeiro fim de semana do FIG, que começou em 15 de junho, além de Xamã vieram Diogo Nogueira e Mumuzinho, que se apresentaram no primeiro dia, seguidos no sábado (23) por Jorge Vercilo.
O pianista André Mehmari faz duas apresentações nesta sexta (22) no Palco Conservatória, voltado para a música instrumental. A primeira será ao lado de Catarina Rossi, na rabeca, com participações de outras duas rabequeiras, Laila Campelo e Aglaia Costa. Em seguida, Mehmari faz apresentação solo no piano.
Amanhã, sábado (23), no Palco Pop tem a banda Bala Desejo, sucesso recente de vários festivais. Para quem não sabe, a banda é resultado do encontro de quatro amigos de escola, os músicos cariocas Dora Morelenbaum, Julia Mestre, Lucas Nunes e Zé Ibarra. Eles se destacaram durante a pandemia a partir da participação em lives da cantora Teresa Cristina, e logo em seguida gravaram um álbum carnavalesco super elogiado.
Segunda (25), no mesmo Palco Pop, tem Juçara Marçal, artista nascida em Duque de Caxias, na Região Metropolitana, com o seu novíssimo álbum Delta Estácio Blues (2021). Mais um trabalho que vem com a força criativa de Marçal, que aborda temas que a representam como mulher negra no Brasil atual, como como racismo, negritude, feminino e ancestralidade. O algum tem produção musical de Kiko Dinucci e traz Juçara como compositora em todas as etapas e no processo de criação.
Também no Pop, Chico Chico mostra ao público pernambucano, na noite de terça (26) seu primeiro disco solo, Pomares, lançado em outubro do ano passado pelo selo fonográfico Selim. É a primeira vez que traz para as bandas do Agreste canções como Templos, Sol de maio, O tempo nunca firmou e Estrela Matutina, todas em parceria com Sal Pessoa, além de outras.
Quinta (28) é dia de samba no Palco Estação, com o também novíssimo show Desengaiola, que começou a ser apresentado esse ano, parceria de Pedro Miranda, Alfredo Del Penho, João Cavalcanti e Moyseis Marques. No mesmo dia, no Palco Instrumental, tem Carlos Malta e o Pife Muderno em Gil 80! 200 Anos Antes Do Expresso 2222.
Destaque para a sexta (29), que reúne um time de constelações em diferentes apresentações. No Palco Dominguinhos tem Xande De Pilares; no Palco Estação, ninguém menos do que Áurea Martins com Senhora das Folhas; e no Palco Pop, Pedro Luís e Yuri Queiroga com Terral.
Encerram a participação carioca no FIG 2022, no sábado (30), a cantora Joana, no maior palco do festival, e Francis e Olívia Hime, com Dois Franciscos, no Palco Estação.
Agora é encarar o frio e a chuva e percorrer a cidade para conhecer tantas coisas incríveis desse Brasil. Vou dando notícias, contando um pouco do que encontrar de novidades e torcendo para que o Rio um dia tenha uma festival assim.
Rita Fernandes é jornalista, escritora, pesquisadora de cultura e carnaval e está viajando para o Festival de Inverno de Garanhuns a convite da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe).