O conselho que batiza o post é do guia The Beautiful Rio de Janeiro (1914), do capítulo que o autor inglês Alured Gray Bell trata sobre a polícia e a segurança pública na cidade em princípios do século 20. A capital federal inteira contava com um contingente policial de 1,4 mil homens, a mesma quantidade usada na operação de ontem na pacificação da Maré. A sede da Polícia Civil, que, anos mais tarde, viria a se tornar símbolo da crueldade dos militares nos anos 60, tinha sido recém-inaugurada e contava com modernos laboratórios de datiloscopia, serviço médico-legal, estúdio fotográfico, departamento de estatística e salas de aulas da Escola de Polícia Científica.
Apesar de todos os elogios que tece à estrutura da polícia da época, o próprio autor do guia acabou se tornando alvo de larápios, mostrando que o caso do jornalista inglês do The Guardian, assaltado às 2 da manhã em Copacabana, numa viagem à convite do governo federal, não se trata de um caso isolado. “O tráfego de bondes e carros é perigoso como em qualquer capital; bebedeira é rara, e estou inclinado a pensar que o crime também, apesar de ter sido vítima de dois furtos”, pondera o autor do guia.
Brincadeiras à parte, The Beautiful Rio de Janeiro apresenta, além das incríveis fotos dos batalhões de bombeiros do Humaitá e do Campo de Santana, com sua torre aparentemente já construída, estatísticas interessantes. Como o livro foi publicado em 1914, os números abaixo se referem ao ano de 1911 quando a cidade tinha 1 policial para cada 714 habitantes (Londres tinha 1 para cada 333).
Casos de contravenção: Vagabundagem- 2047 | Jogo ilegal- 950 | Desordem- 28 | Uso de armas- 8 | Bebedeira- 3 | Total- 3061
Dos 315 imigrantes indesejados detidos, 124 eram ciganos, 69 cafetões e 43 anarquistas.