Acervo do antiquário mais antigo do Brasil vai a leilão no Rio
Fundada em 1925, a Casa Moreira sempre habitou as histórias mirabolantes do mercado de arte brasileiro que me acostumei a ouvir com gosto desde menino. Era como se ficasse na esquina, apesar de ter funcionado por quase 90 anos em Salvador, bem perto do Elevador Lacerda. A nata dos intelectuais e artistas baianos frequentaram a Ladeira […]
Fundada em 1925, a Casa Moreira sempre habitou as histórias mirabolantes do mercado de arte brasileiro que me acostumei a ouvir com gosto desde menino. Era como se ficasse na esquina, apesar de ter funcionado por quase 90 anos em Salvador, bem perto do Elevador Lacerda. A nata dos intelectuais e artistas baianos frequentaram a Ladeira da Praça, número 1, que teve como clientes Carybé, Pierre Verger, Jorge Amado, Floriano Teixeira e Emanuel Araújo. A saída de cena da loja de antiguidade mais antiga do Brasil acontece essa semana no Rio de Janeiro, no Centro Cultural da Polônia, em Laranjeiras, com um leilão de cinco noites, que vai até o dia 11 de abril. São quase 1,2 mil peças fantásticas de arte sacra brasileira dos séculos XVIII e XIX.
A visita à exposição no último domingo foi a oportunidade de ver a sensacional coleção pela última vez e de conversar com Lito, um dos donos do estabelecimento. Depois de me dar uma breve aula sobre o ofício dos santeiros, Lito me mostrou alguns exemplares da sua preferência e contou como conseguiu reunir quase 80 imagens de Nossa Senhora da Conceição, santa cuja procissão abre a temporada de festas que precede o carnaval baiano. “Só quando estávamos catalogando o acervo que nos demos conta da quantidade que juntamos ao longo desse tempo”, explicou Lito.
Procurei algum exemplares de São Sebastião e de São Jorge, mas não havia nenhum. Em compensação encontrei representações de Santa Luzia com mais jeito de Maria Antonieta e trança (na ilustração). Na linha abaixo, temos representações raras de São João Batista, Santo Expedito, São Manoel e São Luís. Para arrematar, um taciturno São Tiago, o santo peregrino de botas, capa preta e chapelão onde se vê as chaves do caminho sagrado. Valeu, Casa Moreira!