Uma das imagens que mais me impressionou neste início de ano foi a das praias de Ipanema e Copacabana completamente abarrotadas. Sob o calor inclemente, resolvi pesquisar na BN Digital o verão de cem anos atrás. Numa cidade que tinha pouco mais de um milhão de habitantes e que recebia uma quantidade bem menor de turistas, era de se esperar um ambiente mais tranquilo. A praia que mais bombava era a do Flamengo, como podemos ver nas fotos abaixo retiradas das revistas Fon-fon e da Semana. O texto sobre o point do verão de 1914 tinha um tom profético.
“Um pequeno retalho de areia entre uma muralha e as águas da baía – é isto uma praia de banhos? Não, isto é, quando muito, um quarto de banho… de mar. Numa cidade que possui no seu escrínio jóias como o Leme, Copacabana, Ipanema e o Leblon, não devia contar-se entre as suas praias essa amostra raquítica de praia. Quando a praia Atlântica (conjunto grandioso de todas as areias ao sul do Leme) for a mais bela e concorrida praia da América do Sul, os atuais banhistas do Flamengo mostrarão aos seus filhos estes quatro palmos de areia e lhes dirão com a seriedade com que se narram as proezas: – Aqui já teu papai tomou banho. E a criança depois de espreitar: – Banho de pés, papai?”