A nomeação do arcebispo metropolitano Dom Orani Tempesta cardeal, anunciada ontem pelo Papa Francisco, acontece em plena trezena de São Sebastião, período de treze dias que antecede o dia do padroeiro. Desde o último dia 7, o arcebispo tem cumprido uma agenda diária de visitas a igrejas e lugares da cidade que reverenciam São Sebastião. Dentro da programação da trezena, Dom Orani vem tentando recuperar uma tradição carioca há muito perdida: a procissão marítima em homenagem à Batalha das Canoas.
Como bem observa Pedro Doria em seu 1565 – Enquanto o Brasil Nascia, é neste episódio ocorrido em 1566, na Baía de Guanabara, que surge o nosso mito fundador. Graças ao padre Simão de Vasconcellos, a história da Batalha das Canoas chegou até os dias de hoje. Em seu livro Chronica da Companhia de Jesus do Estado do Brazil e do que obraram seus filhos nesta parte do novo mundo (1633), Vasconcelos descreve o conflito.
Ia Francisco Velho em busca de madeira para construir a igreja em homenagem a São Sebastião quando foi surpreendido pelos tamoios. Estácio de Sá e seus homens saíram em quatro embarcações para defender o conterrâneo e apenas quando já estavam próximos do local perceberam que se tratava de uma emboscada. Quase duzentas canoas o esperavam para atacar. Em menor número, ops portugueses foram salvos por acaso. Uma explosão acidental fez subir uma espessa fumaça onde teria aparecido a imagem de São Sebastião afugentando os indígenas comandados por Guaixará.
Abaixo, nas fotos de Guilherme Silva, vemos imagens da cerimônia em memória dos índios, portugueses e franceses mortos na Batalha das Canoas e da missa realizada na Igreja de São Sebastião, em Paquetá.