Uma das vantagens de ser irmão, filho e neto de antiquários é ficar sabendo das histórias de bastidores do pitoresco mercado de arte e ter ficar sabendo de alguns tesouros. Dias desses, fiquei sabendo do lindo e detalhado diário de bordo de um integrante da tripulação de cinco mil homens comandada pelo corsário francês René Duguay-Trouin. A preciosidade, que está à venda por R$ 70 mil, relata onze anos de expedições pelas Américas, entre 1708 e 1719, com destaque para a ação que resultou em dois meses de terror para os cariocas. O governador Francisco Castro de Morais se viu obrigado a pagar um vultuoso resgate.
A invasão se deu por duas frentes: uma pelo interior, atravessando as baixadas do Irajá e de Inhaúma, e a outra pela própria Baía de Guanabara. Num daqueles dias de neblina forte, os navios de Dugay-Trouin conseguiram surpreender as defesas, que, como se pode ver no mapa do diário de bordo, não eram poucas. Havia pelo menos 200 canhões nas fortalezas da baía.
O quadrado vermelho, em destaque na terceira imagem da montagem, é a parte que hoje corresponde à Praça XV. Nesta mesma imagem, podemos ver identificados o Forte da Praia Vermelha (F) e a Fortaleza de São João (G), cada um de um lado do Pão de Açúcar, e o forte de Villegagnon (J), bem na ilhota do meio. Um pouco acima deste, marcado com a letra O está a Fortaleza da Misericórdia, onde hoje funciona o Museu Histórico Nacional.