Um mergulho no dia-a-dia de Copacabana
Até a construção do Túnel Velho no fim do século 19, chegar a Copacabana era uma grande aventura que exigia caminhada por uma trilha íngrime. Depois com o bonde elétrico, a viagem do Centro até o bairro levava pouco mais de uma hora. Para incentivar os cariocas a conhecerem a praia à beira do Oceano […]
Até a construção do Túnel Velho no fim do século 19, chegar a Copacabana era uma grande aventura que exigia caminhada por uma trilha íngrime. Depois com o bonde elétrico, a viagem do Centro até o bairro levava pouco mais de uma hora. Para incentivar os cariocas a conhecerem a praia à beira do Oceano Atlântico, a companhia de bonde oferecia viagens de graça. A história da ocupação do distante areal, reduto de pescadores, e sua transformação num dos principais cartões postais do Rio de Janeiro é contada com riqueza pela antropóloga Julia O’Donnell. Em A invenção de Copacabana (Zahar), a autora não apenas enumera as condições que tornaram possível o surgimento de Copacabana como descreve o dia-a-dia do bairro naquele tempo.
Na pesquisa para o livro, Julia O’Donnell recorre a jornais, revistas e obras de grandes cronistas da cidade como Machado de Assis, João do Rio e Benjamin Costallat. A invenção de Copacabana apresenta ao leitor personagens saborosos como o português Manoel Nogueira de Sá, dono do primeiro empreendimento comercial do bairro – o supermercado Bon Marché – e o ex-militar José Carlos de Andrade, morador do Morro da Babilônia desde 1893. Dos fragmentos encontrados, um dos mais pitorescos são as quadrinhas impressas nos bilhetes de bonde que propagandeavam as qualidades do bairro. Era o lugar do escapismo, do lazer, da salubridade e da contemplação da natureza.
Também era indicado para quem queria investir em imóveis: “Proprietários e capitalistas/ Aproveitem melhor a vossa gana/ Oh! Que mina!/ Lançai as vossas vistas/ Sobre Copacabana”. E até para quem estava procurando um namorado: “Elegante moçaime de alto amor!/ Dandies de fina luva e bom havana!/ Para um flirt não há melhor/ Do que em Copacabana”.
A capa do livro da Zahar; e detalhes de duas fotos de meados dos anos 1890: a do alto mostra o ponto final do bonde que ficava onde hoje é a Praça Serzedelo Correia e a outra, do mestre Marc Ferrez, mostra as construções simples do fim do bairro
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