O pai, seu Amâncio, quebrou o violão na cabeça do garoto quando ele voltou da seresta onde compôs e apresentou sua primeira música, Ao Luar. Não adiantou nada. Apesar do castigo, Catulo da Paixão Cearense (1863-1946) seguiu em frente e tornou-se um dos protagonistas da música brasileira, personagem fundamental na transição de gêneros populares pioneiros, como a modinha para seus sucessores mais modernos. Em 1908, o músico e poeta Catulo fez história ao levar o violão, instrumento associado às camadas mais pobres, para o nobre espaço do Instituto Nacional de Música – lá, levado pelo maestro Alberto Nepomuceno, apresentou-se para uma nobre plateia. Seis anos depois, a convite de Nair de Teffé, primeira-dama, mulher do presidente da república Hermes da Fonseca, estrelou um recital em pleno Palácio do Catete. O responsável por esses e outros feitos históricos (e outros tantos folclóricos), além de autor de clássicos imorredouros do naipe de Luar do Sertão e Flor Amorosa, é celebrado na série A Paixão Segundo Catulo – Um Olhar sobre a Modinha e a Canção Brasileira, coordenada pelo craque dos sopros Mário Sève. Até 18 de abril, duos formados e ensaiados especialmente para o projeto vão explorar o repertório e o legado de Catulo. Nesta segunda (28), no CCBB, às 19h (20 reais o ingresso), a vez é da cantora Carol Saboya e de Lui Coimbra, violoncelista de variados dotes musicais – ele também solta a voz. Os dois abordam a relação de Catulo com a música erudita brasileira, desenvolvida através do convívio com amigos como Villa-Lobos. A programação se completa com os shows de Leila Pinheiro e Rodrigo Maranhão, no dia 11, e de Mariana Baltar e Cláudio Nucci, no dia 18.
Quem quiser saber mais sobre Catulo vai gostar desse vídeo aqui:
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