Ao longo de seus oito anos de existência, o Studio SP, que baixou as portas em maio último na capital paulista, abrigou programação badalada em geral e uma bela ideia em particular: o projeto Cedo e Sentado, espaço para novas atrações musicais com entrada franca, ou quase – o público paga quanto quiser e a grana vai para os artistas. Na versão carioca da casa, o Studio RJ, em Ipanema, o projeto vem aparecendo na grade sem periodicidade definida. Ale Youssef, um dos sócios do Studio RJ, informa que a farra vai passar a ser mensal. “Vamos apostar nessa parceria entre a casa, os artistas e o público, investir na formação de plateia, para chegarmos ao ideal, com edições semanais que a galera frequenta sem nem saber quem vai tocar”, conta. A propósito: na quarta (2), o Cedo e Sentado carioca recebe as bandas Los Bife e Planar. A primeira tem arranjos inventivos, com uma mistureba de hardcore, rockabilly e country music a embalar letras entre o gaiato e o crítico. A Planar se leva mais a sério, é mais próxima das baladas e está lançando o segundo disco, Tanto Mar. Ao vivo, sou mais a Los Bife, mas posso muito bem quebrar a cara. Veja só, lá embaixo, os clipes de Rindo de Mim (Los Bife) e Tanto Mar (Planar).
Fala Ale
Como o projeto nasceu lá no Studio SP?
Bem no começo, na Vila Madalena ainda, havia um palco pequeno no segundo andar, com mesinhas e cadeiras. Ali a turma novíssima fazia shows de abertura para as atrações principais. Era mais cedo e a coisa era intimista, ficava todo mundo sentado. O bacana é que um monte de gente hoje consagrada passou por lá. Tulipa Ruiz, Tiê, Thiago Pethit, Karina Buhr, Vanguart, Thalma de Freitas, Nina Becker, Mallu Magalhães. Em alguns casos era o primeiro show que eles estavam fazendo na vida. Surgiu ali um fenômeno curioso, uma plataforma de lançamento de novidades, para a qual a galera já corria sem nem saber quem ia tocar. O Cedo e Sentado não inventou a roda, claro, precisa de uma cena musical interessante, senão é apenas mais uma noite de shows na cidade.
A quantas tem andado o Cedo e Sentado carioca?
Estamos fazendo desde a inauguração, sem uma periodicidade definida, mas a partir de agora vai ser mensal. Já houve momentos muito bacanas. Com o Cícero, bem no começo da casa, foi muito legal, ele depois foi parar no Circo Voador. Com a Banda Tereza, com a Mahmundi, também deu bastante certo. A galera do Macaco Bong, que tem uma preocupação mais ideológica, de chegar ao público de uma maneira direta, diferente, também veio de Cuiabá para tocar aqui. Temos tudo para contribuir para o fortalecimento de uma cena carioca, trazendo atrações como Opala, a banda Apollo, projetos iniciantes e de muita qualidade que podem vir a participar do projeto. O negócio é virar um ponto de encontro, um lugar especial que o pessoal prestigia naturalmente.
Você costuma ouvir antes, participar da escolha das bandas?
Eu gosto de ouvir no show. A experiência ao vivo é outra coisa, é quando a gente vê se os caras têm punch. Eu ouvi vários dessa geração bem no começo, foram situações bem particulares. No Cedo e Sentado assisti ao primeiro show da vida da Tulipa, ela com uma tulipa de plástico no palco, ainda crua, mas um claro talento. Quando ela abriu aquele vozeirão, meu Deus do céu. Vi a Tiê, com uma presença de palco incrível. No Studio SP assisti a uma apresentação da Mão de Oito, uma banda de São Pauo, que teve a participação de um rapper então desconhecido. Era o Emicida.
O sistema é o “pague quanto quiser”. A galera costuma abrir a mão?
Vou ser sincero: aqui no Rio ainda é bem baixa a adesão.
Los Bife em Rindo de Mim
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Tanto Mar, com a banda Planar
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