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Nelson Sargento, história do samba

  Este que vos escreve teve o privilégio de fazer uma longa entrevista com o sambista Nelson Sargento no ano da graça de 1988. Foi para o jornal Tribuna da Imprensa, o texto hoje dá vergonha, mas as sábias aspas do mestre Sargento ainda merecem consideração (leia AQUI). Naquele tempo, o bamba preocupava-se com o futuro […]

Por Pedro Tinoco Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 25 fev 2017, 18h07 - Publicado em 27 abr 2015, 09h30
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  • Nelson: elegância e longa trajetória

    Nelson: elegância e longa trajetória

     

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    Este que vos escreve teve o privilégio de fazer uma longa entrevista com o sambista Nelson Sargento no ano da graça de 1988. Foi para o jornal Tribuna da Imprensa, o texto hoje dá vergonha, mas as sábias aspas do mestre Sargento ainda merecem consideração (leia AQUI). Naquele tempo, o bamba preocupava-se com o futuro da tradição que carregava, a da grande arte criada no morro por nomes como Cartola, Carlos Cachaça, Nelson Cavaquinho e ele próprio. “Qual será a velha guarda dos anos 90?”, perguntava. Bom, a resposta já estava lá na minha frente. Nelson foi a velha guarda dos anos 80 e 90, dos anos 2000 e, do alto de seus 90 anos de experiência, continua a defender seu samba em uma série de shows na Caixa Cultural (Teatro de Arena, na Avenida Almirante Barroso), de quinta (30) a domingo (3), sempre a partir das 19h, a R$ 20,00 por cabeça. Um menino de 1924, Nelson divide o palco da Caixa com o excelente cantor Pedro Miranda e o Galo Preto (com o grupo de choro, ele e Soraya Ravenle gravaram o primoroso disco O Dono das Calçadas, tributo a Nelson Cavaquinho realizado em 2002). No programa, clássicos do naipe de Agoniza, Mas Não Morre, De Boteco em Boteco e a divertidíssima Falso Amor Sincero.

    Nelson Mattos chegou à Mangueira ainda garoto, vindo do morro do Salgueiro. No novo endereço, caiu no samba de vez. No começo, acompanhava os encontros dos mais velhos, gente como Cartola, Carlos Cachaça, Nelson Cavaquinho, providenciando os bebes e o que mais a turma precisasse. Influenciado pelo padrasto, Alfredo Português, aprendeu o ofício de pintor de paredes e a arte de compor. Uma das parcerias da dupla, assinada também pelo cantor Jamelão, é Cântico à Natureza, samba-enredo que deu à Mangueira o segundo lugar no Carnaval de 1955 e é considerado um dos mais belos representantes do gênero até hoje. Os mestres viraram parceiros e Sargento chegou aos anos 60 como uma autoridade da batucada – em 1965, estreou no histórico espetáculo Rosa de Ouro, produzido por Hermínio Bello de Carvalho, ao lado de Araci Cortes, Elton Medeiros, Anescarzinho do Salgueiro, Clementina de Jesus e um garoto chamado Paulinho da Viola.

    Da pintura de paredes, Nelson passou para os quadros. A primeira exposição de sua obra de beleza naïf, dominada por paisagens do casario no morro, foi feita na casa do jornalista Sérgio Cabral em 1974 – e o primeiro quadro foi comprado por Paulinho. Suas letras não são só de música: um de seus livros, Prisioneiro do Mundo, de poesias, foi lançado em 1994. O incansável Nelson Sargento também deu as caras no cinema. Interpreta com energia o presidiário Vovô em O Primeiro Dia (1998), de Walter Salles, e aparece à vontade no documentário em curta-metragem Nelson Sargento, produzido no mesmo ano e dirigido por Estevão Ciavatta. Enfim, ele está em todas e ainda sobra disposição para defender as tradições da velha guarda na Caixa Cultural, de quinta (30) a domingo (3).

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