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Nos bastidores: Bernardo Amaral

O show da banda americana 30 Seconds to Mars, marcado para o dia 16, na Fundição Progresso, está esgotado há mais de um mês. Bernardo Amaral não tem ingresso, mas vai assistir à apresentação do grupo comandado pelo astro Jared Leto feliz da vida. Ele é o produtor do espetáculo, mais um no seu currículo […]

Por Pedro Tinoco Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 25 fev 2017, 18h41 - Publicado em 2 Maio 2014, 00h04
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Bernardo Amaral: produtor do show do 30 Seconds to Mars, na Fundição, entre outros grandes espetáculos da cidade

Bernardo Amaral: produtor do show do 30 Seconds to Mars, na Fundição, entre outros grandes espetáculos da cidade

O show da banda americana 30 Seconds to Mars, marcado para o dia 16, na Fundição Progresso, está esgotado há mais de um mês. Bernardo Amaral não tem ingresso, mas vai assistir à apresentação do grupo comandado pelo astro Jared Leto feliz da vida. Ele é o produtor do espetáculo, mais um no seu currículo de atrações internacionais que animam multidões na cidade. Filho do empresário Ricardo Amaral, Bernardo entrou nesse negócio em 1993, acompanhando o pai na criação do Metropolitan – a casa de espetáculos na Barra hoje conhecida como Citibank Hall. Ficou por lá até 2001 e aventurou-se em outras empreitadas antes de voltar ao showbiz, três anos depois. Desde então, especializou-se em grandes eventos e produções internacionais. Já cuidou de Justin Bieber no Engenhão, Roberto Carlos no Maracanã e Iron Maiden na Apoteose. Na HSBC Arena, como diretor para entretenimento e esportes do espaço, ou como produtor de sua própria empresa (a K7a4), fez acontecer as apresentações de Bob Dylan, REM, Dave Matthews Band, Eric Clapton e Sade, entre muitas outras. Na sua rotina, se ocupa de detalhes tão distintos quanto o número de espectadores que passam por uma roleta (o que vai definir a quantidade de roletas abertas para o público) e as condições de hospedagem da estrela contratada. É sobre a vida de um produtor no Rio que versa o bate-papo abaixo.

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. A meia-entrada é uma solução ou um problema?

A cultura da meia-entrada no Rio está enraizada há muito tempo. As pessoas estão acostumadas com isso. Em São Paulo também existe a meia-entrada, mas com percentuais menores em relação ao total de ingressos vendidos. No Rio, nossa experiência é de, em geral, 70 % do público pagar meia-entrada. Em atrações teen, esse percentual sobe para 88%, 90%. Curiosamente, o Bob Dylan, em 2008, teve 78% de meia entrada. O benefício se estende a menores de 18, maiores de 60 e várias outras categorias, mas o produtor do show não tem nenhuma contrapartida. Ninguém paga a metade por um título na livraria, um estudante ou um idoso não pagam a metade da conta no restaurante. No nosso caso, o dos produtores de espetáculos, deveria haver uma contrapartida para a concessão da meia-entrada. O preço do ingresso acaba pressionado por essa prática populista. Há uma percepção de que os ingressos em São Paulo são mais baratos do que o Rio, mas isso não se comprova. Primeiro, às vezes a comparação é feita entre dois lugares com capacidades de público distintas, o que a inviabiliza. O cálculo deve ser feito pelo tíquete médio.

. A HSBC Arena se firmou como um palco atraente na cidade?

A Arena fez vários eventos interessantes, a começar pelo especial de fim de ano do Roberto Carlos, em 2007.  Até 2009, tivemos Bob Dylan, Ozzy Osbourne, grandes atrações. A virada foi com a Beyoncé, em 2010, quando a Arena ficou muito conhecida no Rio. Na minha opinião, é o lugar que tem a melhor estrutura para shows, eventos de família, corporativos, até porque é o equipamento mais novo, foi projetado para isso. Está localizada numa zona que, nesse momento, passa por muitas obras, então existe um transtorno. Mas, daqui a um ano e meio, dois, vai se beneficiar, no entorno, de uma das melhores estruturas do Rio. Esse papo de que é longe não faz sentido. É longe para mim, que moro na Lagoa, mas, para quem mora na Barra, em Jacarepaguá, Campo Grande, longe é o Vivo Rio.

. Você já consegue enxergar um legado da Copa e das Olimpíadas para a cidade?

Depois das Olimpíadas, vamos ter uma estrutura de transportes interessante, com certeza. Metrô, BRT, estarão maiores e estabelecidos. Não estou falando do custo disso, mas do resultado, que vai ser benéfico para a população em geral e para nós, empresários que dependemos desta estrutura para viabilizar nossos espetáculos. Agora, há um dado curioso: se você imaginar que antes das Olimpíadas vamos ter eventos de teste e, depois, a Paraolimpíada, isso significa que o Rio vai ficar sem poder utilizar, em espetáculos, os equipamentos cedidos para os jogos. Entram nessa lista o Engenhão, a HSBC Arena, o Maracanãzinho, o Sambódromo, o Maracanã, a Marina da Glória e, claro, o Parque dos Atletas, onde rolou o Rock in Rio. Palcos menores também devem ser usados em eventos ligados aos jogos, como o Vivo Rio, o Citibank Hall, a Fundição. Vai ter uma escassez de palco que, creio, vai durar uns doze meses, de outubro, novembro, de 2015, ao mesmo período de 2016. Serão doze meses em que o Rio vai ter que ser muito criativo para continuar na rota dos grandes eventos internacionais. Mas depois, insisto, eu acho que o Rio vai ter os melhores equipamentos para grandes eventos da América do Sul. O Rio, antigamente, era um buraco na agenda, hoje é um destino. Com os equipamentos que virá a ter, será considerado o melhor dos destinos. As pessoas gostam de show, querem ir a show. Se tivermos estrutura melhor, de segurança, transporte, e equacionarmos a questão da meia-entrada, o público vai aumentar.

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