Talento forjado no conservatório e cooptado pela música popular, Zé Paulo Becker é um tremendo violonista. Na carreira solo, esbanja momentos memoráveis, como o disco Lendas Brasileiras (de 2001, relançado em 2011). Acompanhado, brilha no Trio Madeira Brasil, ao lado de Ronaldo do Bandolim e do sete cordas Marcello Gonçalves. Tem muito mais. Sempre às segundas, a partir das 21h, no Bar Semente (ali embaixo dos Arcos, na Rua Evaristo da Veiga, 149, telefone 2507-5188, entrada a trinta reais), ele desce a lenha comandando noitadas instrumentais há dezessete anos. Em entrevista para a nossa Veja Rio, concedida em 2001, definiu assim sua jam session de choro e samba: “a gente brinca dizendo que é o ultimate fight choro, um vale-tudo musical”. O tom das segundas musicais segue o mesmo, acrescido de experiência e virtuosismo. Ao lado de Caio Márcio (violão de sete cordas) e Carlos César (percussão), Becker encanta a plateia com interpretações inspiradas (e abertas a improvisos que tornam cada noite única) para repertório que inclui temas próprios e clássicos do porte de Feira de Mangaio.
Outra característica da segunda no Semente é a presença de músicos na plateia, atraídos pela qualidade da brincadeira. A canja de Chico Buarque, em fevereiro (ele ainda voltaria à casa em maio, mas em outra noite), fez sucesso nas redes, mas não foi a única. A cantora americana Norah Jones, o inglês Sting, o maestro austríaco Kurt Masur, Adam Clayton (U2) e Ney Matogrosso foram alguns nomes ilustres que, recentemente, ocuparam as mesas do Semente para ouvir Zé Paulo Becker. Na lista dos que se animaram e dividiram os microfones com ele estão o cantor e guitarrista Dave Matthews, o compositor e cineasta francês Pierre Barouh (diretor do documentário Saravah, um mergulho histórico na MPB dos anos 60), Marisa Monte, Roberta Sá, Yamandu Costa, Armandinho, Beth Carvalho, músicos da banda da pianista canadense Diana Krall, do projeto Buena Vista Social Club e da diva Liza Minnelli… Essa gente toda não pode estar errada, né não?
P.S. – Esses e outros encontros serão melhor descritos no documentário Semente da Música Brasileira, de Patricia Terra, parceria com a gloriosa Cavídeo e o Canal Brasil, em fase de finalização.
Confira, abaixo, a canja de Pierre Barouh – ele cantou a versão francesa de Samba da Bênção (Vinicius e Baden)
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