Na cena erudita, uma boa forma de se medir o talento de um músico é observar seu desempenho no circuito de concursos internacionais. Violoncelista de renome, o pernambucano Antonio Meneses levou, em 1977, o primeiro prêmio no ARD Concurso Internacional de Munique e, cinco anos depois, abiscoitou a medalha de ouro no Concurso Tchaikovsky, em Moscou. Em 1957, um menino de 12 anos assombrou o júri do Concurso Internacional de Piano do Rio de Janeiro – sétimo colocado na disputa, Nelson Freire tocou o Concerto Nº 5, Imperador, de Beethoven, na prova final, e ganhou do presidente Juscelino Kubitschek uma bolsa de estudos em Viena. O resto é história. Pois muito bem: neste momento, um sucessor de Nelson Freire na seleta galeria dos grandes pianistas pode estar a caminho do estrelato, na quinta edição do Concurso Internacional BNDES de Piano. Dezenove jovens instrumentistas, com idades entre 20 e 29 anos, oriundos de onze países, da Romênia (Daniel Ciobanu) ao Brasil (o promissor Ricardo Kogima, entre outros), participam das etapas eliminatórias e semifinais, em busca de um lugar na finalíssima, que acontece sábado (10), no Theatro Municipal. No domingo (4) e na segunda (5), sempre às 15h e com entrada grátis, as semifinais acontecem na Sala Cecília Meireles.
Conheça algumas curiosidades sobre essa olimpíada musical:
. Assista, no vídeo abaixo, ao desempenho de três concorrentes deste ano: o romeno Daniel Ciobanu, a russa Liza Kliuchereva e o polonês Andrzej Wiercinski:
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. O valor total em prêmios é de 280 000 reais – o primeiro colocado fica com 120 000 reais, além de concertos agendados no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos ao longo de 2017.
. A pianista homenageada nesta edição é Lucia Branco (1903-1973). Aluna de Arthur De Greef, que foi discípulo de Franz Lizt, ela deu aulas para a nata do piano brasileiro: Luiz Eça, Arthur Moreira Lima, Nelson Freire e Tom Jobim foram alguns de seus alunos.
. O júri deste ano tem, entre seus integrantes, o vietnamita Dang Thai Son, vencedor do prestigiado Concurso Chopin, em Varsóvia, em 1980.
. Cada candidato do concurso ensaia em média seis horas por dia. Como alguns jurados são músicos profissionais e também precisam praticar, estima-se que, ao longo dos dez dias de competição, participantes do Concurso BNDES passem cerca de 1000 horas sobre as teclas.
. Como na Olimpíada, em que os atletas passam por uma piscina de aquecimento antes de mergulhar no local da prova, os candidatos do Concurso BNDES de Piano têm a seu dispor pianos de cauda para o aquecimento, além de dezesseis pianos de armário.
. Smoking e vestidos sisudos são os figurinos usuais entre os competidores, mas há quem subverta a etiqueta. Em 2009, o francês Simon Ghraichy chegou à a final envergando um paletó brilhante, com colete de lamê, na melhor tradição de Cauby Peixoto. Vencedor daquele ano, o ucraniano Sasha Grynyuk tocou bem à vontade, de jeans e casaquinho.
. Natalia Sokolovskaya, miss Azerbaijão em 2015, cancelou de última hora a participação no Concurso, mas a ruiva Anastasia Rizikov também faz bonito, como pode se ver na foto abaixo.
. Os países com mais candidatos na história do Concurso são, em ordem decrescente, Rússia, China, Brasil, Canadá, Polônia e Japão.
. A churrascaria rodízio costuma ser o principal objeto de desejo dos competidores estrangeiros, mas os jovens músicos também embarcam empolgados em outras aventuras. Na edição anterior do Concurso, em 2014, samba na Lapa e até um luau na Praia do Leme entraram na programação.
. Cerca de sessenta pessoas compõem a equipe de apoio. São profissionais como afinadores de piano, tradutores e produtores. Há um grupo para cuidar dos jurados e outro para os candidatos.
. Uma coisa que nunca aconteceu na história do Concurso: chegarem todas as malas. Pelo menos um participante de cada edição passou alguns dias sem bagagem.