Em 17 de maio, volta ao circuito carioca, mais especificamente no Teatro Fashion Mall, uma das peças mais encantadoras da temporada de 2009: Simplesmente Eu, Clarice Lispector. Visto por mais de 700 mil pessoas desde a sua estreia, o monólogo deu a Beth Goulart (assombrosamente parecida com a escritora no palco, diga-se) o Prêmio Shell por sua atuação naquele ano. A atriz encarna a própria Clarice (1920-1977), intercalando falas da autora com quatro de suas personagens: Joana (de Perto do Coração Selvagem, o romance de estreia, de 1943), Ana (do conto Amor, publicado em Laços de Família, 1960), Lóri (de Uma Aprendizagem Ou O Livro dos Prazeres, 1969) e a narradora anônima da crônica Perdoando Deus, que saiu no livro Felicidade Clandestina (1971). Confissões e reflexões sobre vida, morte, Deus, arte, cotidiano, loucura, medo e amor permeiam o texto. Boa dica para quem já viu, obrigatório para quem deixou passar.
O momento, aliás, parece estar mesmo propício para Clarice. Sua obra inspira o espetáculo Prazer, dos mineiros da companhia Luna Lunera, em cartaz no CCBB, e o monólogo Silêncios Claros, com a atriz Ester Jablonski, atração no Parque das Ruínas. Na primeira, a trupe partiu de um fragmento do romance Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres (1969) para criar dramaturgia inédita. Já no outro, Ester encarna quatro mulheres, personagens dos contos O Grande Passeio, Uma Galinha, A Fuga e Uma Tarde Plena.