Teatro de Revista

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Espetáculos, personagens, bastidores e tudo mais sobre o que acontece na cena teatral carioca, pelo olhar do crítico da Veja Rio
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José Mauro Brant, o novo ocupante do Teatro Dulcina

Atuando profissionalmente em teatro desde o fim dos anos 80, José Mauro Brant está à frente, através de sua produtora, a Belazarte Realizações Artísticas, da ocupação do Teatro Dulcina, no Centro. A programação, que começou na última quarta (10) com Primeiro Amor, monólogo co Ana Kfouri baseado na obra de Samuel Beckett, vai levar 23 produções […]

Por rafaelteixeira
Atualizado em 25 fev 2017, 19h10 - Publicado em 12 abr 2013, 19h16
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  • Augusto Madeira, José Mauro Brant e Isio Ghelman em Jacinta (crédito: Nil Caniné)

    Atuando profissionalmente em teatro desde o fim dos anos 80, José Mauro Brant está à frente, através de sua produtora, a Belazarte Realizações Artísticas, da ocupação do Teatro Dulcina, no Centro. A programação, que começou na última quarta (10) com Primeiro Amor, monólogo co Ana Kfouri baseado na obra de Samuel Beckett, vai levar 23 produções àquele palco até novembro. Brant (no centro da foto acima, entre Augusto Madeira e Isio Ghelman, em cena na peça Jacinta) conversou com o blog sobre a ocupação e seus outros projetos.

    O que o motivou a pleitear a ocupação do Dulcina?

    Servir ao teatro, essa é a minha grande motivação. Me sinto hoje num lugar confortável pra fazer esse tipo de coisa. E hoje, com uma equipe de produção que deu certo junto, buscamos novas formas de exercer o nosso oficio, e de defender o bom teatro de todas as maneiras possíveis.

    Como foi montada a programação? Quais foram os critérios?

    Fizemos uma curadoria a quatro mãos, eu, Lilian Bertin, Fabricio Polido e Celso Lemos.  Procuramos respeitar a vocação dos teatros do Centro, ou seja, a diversidade.  Não há lugar nos teatros da Funarte para ocupações temáticas. É importante mostrar um pouco de tudo. Hoje, os teatros federais têm um importância muito grande no fomento da cena carioca. As produções têm muita dificuldade de conseguir pauta para uma segunda temporada, de modo que ficam condenadas às temporadas de poucas semanas. Mas é claro que  que também fizemos uma programação com produções e artistas que admiramos, além de espetáculos com um viés na literatura. Costuramos algumas parcerias que nos possibilitarão apresentar  duas atrações internacionais: Maria do Céu Guerra, de Portugal, e o grupo francês Studio Théatre de Stains. E  musicais, é claro!

    O que você pode dizer sobre a única estreia que está agendada para a ocupação?

    Em fins de maio estréia o espetáculo Lima Barreto ao Terceiro Dia, esse texto maravilhoso do Luiz Alberto de Abreu, que teve uma montagem nos anos 90 dirigida pelo Aderbal Freire-Filho, com o Milton Gonçalves. Agora o texto vem com a direção do Luiz Antonio Pillar, e com Flávio Bauraqui e o Fabrício Boliveira no elenco. Um texto brilhante, falando de um personagem carioca que tem uma importância enorme pra nossa cultura: Lima Barreto.

    Mudando de assunto, você acabou de ser premiado (ainda que indiretamente, já que o compositor foi o Tim Rescala) pela música de Era uma Vez… Grimm, um espetáculo que você concebeu, dirigiu e estrelou. O que esse prêmio representou para você?

    Neste ano, o Prêmio APTR  se afirmou como o mais importante do teatro carioca. O prêmio do Tim pela música do Grimm foi de enorme importância pra carreira do espetáculo. Um musical que ganha o prêmio de melhor música pode ser sentir inteiramente premiado. O trabalho do Tim é de uma qualidade e criatividade que se vê pouco em nosso panorama teatral. Hoje já aprendemos a fazer musicais, temos artistas com qualificação, mas não se arrisca muito nessa área. O prêmio inscreve o espetáculo como parte de um relevante caminho para o musical brasileiro: o da originalidade.

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    Esse espetáculo trouxe uma novidade para a cena teatral carioca, que foi a sua apresentação em duas versões ligeiramente modificadas, uma infantil e uma adulta. Como foi essa experiência? Você pretende repetir a dose em outro espetáculo no futuro?

    Fazer Era uma Vez… Grimm em duas versões foi uma provocação ao mercado. Se não fosse assim nunca conseguiríamos recursos pra fazer um espetáculo dessas dimensões. Essa provocação está na gênese do próprio material que elegemos para trabalhar, os contos de fadas, que oferecem leituras diversas para adultos e para crianças. Pretendo fazer outros projetos com esse formato, mas sonho mesmo com um tipo de espetáculo que una os dois públicos, espetáculos para toda a família.

    Há alguma chance de o Rio voltar a receber Grimm?

    Sim! Era uma Vez… Grimm volta à cena na nossa ocupação. Em julho, reestreia no Dulcina, antes de partirmos para uma turnê pelo Brasil.

    De onde vem sua relação com o teatro musical?

    Vou te contar um história: na minha adolescência, um dia, fui ao cinema sozinho ver um filme sobre o qual não sabia nada. Era  a ópera La Traviata  filmada pelo  Zefirelli. Me lembro de como fiquei eletrizado. Fiquei uma semana sem dormir direito e contava pra todo mundo que tinha visto um filme em que os atores cantavam em vez de falar. Foi o meu primeiro assombro artístico. Descobri que aquilo era uma ópera e passei a frequentar as matinês do Municipal.  Pouco tempo depois, li no jornal que havia em cena no Rio uma companhia teatral chamada Cia de Ópera Seca. Era o era Gerald Thomas estreando sua Eletra Concreta no MAM.  A palavra “ópera” me levava ao teatro mais uma vez. Pirei e nunca mais deixei o teatro. Depois, tive a oportunidade de estrear no teatro profissional em 1988, com o espetáculo Theatro Musical Brasileiro, do Luiz Antônio Martinez Corrêa. Esse espetáculo foi um sucesso enorme e desencadeou uma série de produções de musicais brasileiros. Nos anos 90, participei ativamente  como ator da renovação o do gênero. Fiz mais de dez espetáculo biográficos, entre eles, Dolores e Metralha. Fazíamos musical só com um piano e sem microfone. Mas nunca fiz um musical americano. Vivi a dificuldade de se impor uma dramaturgia para o gênero e aprendi muito com os erros e acertos dos meus colegas.

    Mais uma vez mudando de assunto, como está sendo a experiência com a peça Jacinta, em cartaz no Teatro Poeira? Como é trabalhar com a Andréa Beltrão?

    O Aderbal Freire-Filho, que dirige a peça, sempre foi um farol para a minha geração, trabalhar com ele é uma experiência que sempre ensina muito! O cara tem 70 anos mas tem uma juventude invejável! Já havia trabalhado com ele em O Púcaro Búlgaro, mas é a primeira vez que vivo um processo com ele desde o início. O processo de Jacinta foi  muito instigante e me deu a oportunidade de trabalhar com a Andréa, que considero, sem dúvida, uma das maiores atrizes brasileiras. Ela tem arte correndo nas veias e nunca está satisfeita. Entrar em cena com ela todo dia é inquietante e apaixonante.

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    Além do Dulcina e de Jacinta, em que outros projetos você estará envolvido no futuro próximo?

    Estou escrevendo minha próxima parceria com Tim Rescala, um musical baseado num conto de E.T.A. Hoffman, O Pequeno Zacarias. Esse é o nosso projeto para 2014. Em outubro, no Dulcina, organizaremos uma mostra de espetáculos  de contadores de histórias, na qual pretendo realizar uma nova versão do meu primeiro espetáculo, Contos, Cantos e Acalantos.  Um outro espetáculo, sobre Mário de Andrade, também está na pauta. E, bem… a cabeça não para, né?

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