Criada em 1990 pela bailarina e coreógrafa Stella Antunes, a Orquestra Brasileira de Sapateado nasceu com o objetivo de difundir esse gênero de dança no Brasil. Com Tim Rescala como diretor musical desde o seu primeiro espetáculo, o grupo desenvolveu uma linguagem peculiar, em que o som dos pés dos dançarinos batendo no chão também tinha a função de instrumento musical, juntando-se aos convencionais, como saxofone, piano, baixo e bateria. Apesar da qualidade do trabalho, dificuldades financeiras afastaram a Orquestra dos palcos nos últimos anos — o último espetáculo foi o infantil O Pássaro e a Borboleta, em 2006. Um pedido de Stella a Rescala, porém, ressuscitou a trupe, que volta à cena no próximo dia 23, com o musical Meu Amigo Bobby, no Teatro Fashion Mall. Com texto e composições de Rescala e direção de Cininha de Paula, o espetáculo traz Stella no papel de Laura, mulher que vive triste e isolada após a partida da filha para estudar em Paris. Seus momentos mais alegres são com o cantor Bobby — uma espécie de amigo imaginário.
Confira um número do musical e, logo abaixo, o que Rescala disse ao blog sobre o espetáculo:
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=rbeHtQXKrC4%5D
“Escrevi o roteiro e as músicas de alguns espetáculos do grupo, seguindo a evolução do mesmo em formações diferentes. O que mudou com este é o perfil do trabalho. Antes, a Orquestra buscava uma união de música e sapateado através de uma pesquisa de linguagem. Os sapateadores eram considerados como mais um naipe de uma orquestra e eu chegava a escrever na partitura o som que eles deveriam fazer em alguns números. Mesmo que sempre tenha havido no grupo um trabalho cênico, este é o primeiro espetáculo que conta uma história. A Stella Antunes me pediu para criar algo novo com um grupo menor, com quatro ou cinco sapateadores, mas mantendo a música ao vivo, o que sempre foi uma característica fundamental da Orquestra. A partir desse dado, de que eu teria dois casais em cena, foi que escrevi uma sinopse do espetáculo. Meu Amigo Bobby é, então, mais teatro do que os espetáculos anteriores, mas sem abandonar as características fundamentais do grupo, o sapateado, a música e o diálogo entre eles, procurando sempre um jeito brasileiro de fazer isso. Esse foi também um desafio para a diretora Cininha de Paula, que soube conduzir muito bem o trabalho cênico do o grupo, visto que Meu Amigo Bobby é, sem dúvida, um musical.”