Nelson Motta fala sobre o musical que está escrevendo sobre Elis Regina, que estreia em novembro
Uma das maiores cantoras da história do país — para muitos a maior —, Elis Regina (1945-1982) será tema de uma superprodução musical com estreia prevista para 8 de novembro, no Teatro Oi Casa Grande. Capitaneado pela Aventura Entretenimento, o espetáculo terá direção de Dennis Carvalho e texto de Nelson Motta (autor de outro sucesso biográfico […]
Uma das maiores cantoras da história do país — para muitos a maior —, Elis Regina (1945-1982) será tema de uma superprodução musical com estreia prevista para 8 de novembro, no Teatro Oi Casa Grande. Capitaneado pela Aventura Entretenimento, o espetáculo terá direção de Dennis Carvalho e texto de Nelson Motta (autor de outro sucesso biográfico dos palcos, o musical sobre Tim Maia) e Patricia Andrade.
O repertório, claro, será um prato cheio para os fãs da Pimentinha — e as músicas escolhidas para as audições, que começam em breve, já são uma amostra disso. As mulheres que se candidatarem ao elenco deverão cantar Reza, Arrastão, O Morro Não Tem Vez, Vou Deitar e Rolar (Qua Qua Ra Qua Qua) e Como Nossos Pais, e os homens, Samba do Avião, As Aparências Enganam, Casa no Campo, São 2 pra Lá 2 pra Cá e Trem Azul.
Amigo de Elis, com quem teve um namoro de um ano e de quem produziu discos e programas de TV, Nelson Motta conversou com o blog sobre o musical. Confiram:
Como você e Elis se conheceram?
Já a tinha visto na televisão, mas conheci Elis pessoalmente quando tinha 20 anos e ela estava gravando o seu disco Samba Eu Canto Assim, em 1965. Fui levado por meu amigo Edu Lobo, que teria três musicas gravadas por Elis.
Em tanto tempo de convivência, que momento marcante você destacaria?
Um momento especial foi quando ela cantou maravilhosamente O Cantador, minha e do Dory Caymmi, na final do festival de 1967. Chorei muito, ela ganhou premio de melhor intérprete. Outro momento foi quando ela cantou no meu casamento com Mônica Silveira, em 1969, acompanhada por um quarteto de cordas. Chorei de novo.
Como o projeto do musical chegou até você?
Antes, eu estava escrevendo, com a Patricia Andrade, o roteiro do filme sobre Elis para o diretor paulista Hugo Prata. Quando estávamos terminando o roteiro, a Aniela Jordan nos convidou para escrever o musical de teatro. Foi um sync perfeito, já tínhamos feitos todas as pesquisas, levantamento das músicas, mergulhado no universo da Elis para o filme. O musical foi só alegria, porque é uma linguagem muito mais livre e fantasiosa. E pode ter 25 músicas, num filme de noventa minutos cabem só umas sete ou oito.
O que você pode nos adiantar sobre como será a história? A estrutura será parecida com a do musical sobre o Tim Maia, mapeando os episódios mais importantes da biografia?
Posso adiantar apenas que não é uma “biografia teatral” da Elis, é uma “fantasia musical” sobre sua vida e sua obra, com uma linguagem lírica e livre, como é próprio dos musicais de teatro, em que são as músicas que vão contando a história. Claro, são recriados os seus grandes momentos musicais, costurados por momentos de sua vida pessoal. Neste ponto, ele se parece com qualquer musical sobre um grande cantor. O forte é o repertório. O mais difícil foi selecionar apenas 25 músicas entre a vasta discografia de clássicos da Elis, que não só têm que ser ótimas musicalmente, mas funcionar na condução do espetáculo.
Sendo Elis uma artista inimitável, como deverá ser o perfil da atriz selecionada pra interpretá-lá? Qual será o maior desafio para ela?
Além de grande potência vocal, suingue, domínio técnico absoluto, o desafio é recriar o estilo e fraseado musical da Elis sem ser um cover, uma imitação. Tem que ser uma interpretação, acrescentando sua própria personalidade em um personagem tão rico e tão complexo, que também exige uma grande performance da atriz, vivendo cenas de amor e de humor, de barracos e de romances, mudando de opinião de cinco em cinco minutos.