Brancos maduros, o gosto da experiência
Qualquer criança sabe, vinhos brancos não envelhecem.
Por Marcelo Copello
Amigos, segue aqui uma matéria que fiz em 2014 mas qua ainda está atual!
Qualquer criança sabe, vinhos brancos não envelhecem. Ou não? Eu achava que sim, mas aí provei um Montrachet 1947, depois um Grandjó 1925, depois… Com algumas decepções pelo caminho já tive experiências espetaculares com brancos maduros. A regra continua valendo, “vinhos brancos geralmente não envelhecem”. Contudo, como sempre digo, no vinho há mais exceções do que regras. Brancos maduros são vinho experientes para bebedores experimentados. Para minha felicidade recentemente tenho esbarrado com vários enófilos que compatilham comigo este gosto excêntrico, o que me motivou a esta matéria. Com o objetivo de mostrar o que o mercado oferece a quem quer um branco maduro, avaliei 14 brancos entre 8 e 21 anos de idade. Sugiro não servir nenhum destes vinhos gelados demais (a 12oC) e a maioria se beneficia de uma breve decantação de 10 min.
Tondonia Reserva 1991, López de Heredia, Rioja-Espanha (Vinci, US$ 119,50).
Elaborado com 90% Viura e 10% Malvasia, com nada menos que 4 anos em madeira usada. Amarelo dourada carregada. Nariz perfumadíssimo, com um leque amplo de aromas, frutas secas, caramelo, amendoas, madeiras, cedro, flores secas, especiarias, alguns terpenos com notas de querosene, mel e toque salgado. Paladar seco e estruturado por boa acidez, apenas 12% de álcool, boa profundidade, nota de oxidação deliciosa, logo e complexo. Um clássico entre os brancos de guarda.
Nota: 94 pontos
Corpo: BC
Riesling Gris Rangen de ThannClos Saint-Urbain 2004, Zind-Humbrecht, Alsacia-França (Expand, R$ 480).
Esta garrafa é do estoque antigo da Expand, hoje este produtor é representado pela De la Croix Vinhos. Amarelo dourado brilhante. Aroma intenso, com noras de querosene, estrudel. Paladar macio, com deliciosa nota de açúcar residual equilibrado com 14% de álcool e acidez correta. Perfeito para mais uma década de guarda.
Nota: 93 pontos
Corpo: BC
Riesling Jubilee 2005, Hugel, Alsacia-França (World Wine, R$ 240).
Riesling é uma das castas brancas que proporciona vinhos mais longevos. Amarelo palha brilhante. Aroma de mel, querosene, limão siciliano confit, rosas, especiarias, gengibre. Paladar encorpado e apesar de seco é bastante macio, rico, com acidez muito boa, longo, gastronomico. Este exemplar chega fácil a seu décimo ano de vida, quem sabe ao vigésimo.
Nota: 93 pontos
Corpo: BC
Reserva Pessoal 2004, Alves de Sousa, Douro-Portugal (Decanter, R$ 189,75).
Um branco de exceção, feito como um tinto, com maceração pelicular, 12 meses em barricas com remontagens que proporcionam um caráter oxidado ao vinho. Vinhas velhas de 80 anos e mistura de dezenas de castas brancas, predominando Gouveio, Malvasia Fina e Viosinho. Dourado, nariz intenso de frutas secas, mel, avelã, minerais, madeira e notas deliciosas de oxidação. Paladar seco, com 12,5% de álcool, ótima acidez, longo. Provei este vinho antes do lançamento em 2010, agora está ainda melhor, pedindo mais alguns anos de guarda. Decantar 30 minutos.
Nota: 93 pontos
Corpo: BC
Riesling Clos Liebenberg 2004, Zusslin, Alsacia-França (Premium, R$ 239,39).
Vinhedos de 35 anos em solo calcário. Amarelo dourado carregado. Aroma concentrado, de frutas muito maduras, mel, rosas, fundo minelra discreto. Paladar denso, profundo, macio, com 14% de álcool, longo. Um riesling sério e imponente, sem medo de mais alguns anos de guarda.
Nota: 93 pontos
Corpo: BC
Porto 20 Year Old White, Burmester, Porto-Portugal (Adega Alentejana, R$ 171).
Este é um vinho de um tipo raro, um Porto branco envelhecido, feito de uma mistura de vinhos velhos cuja média de idade é 20 anos e que ficaram a maior parte de sua vida em tonéis de madeira usada. Cor dourado ambar. Aroma muito complexo, com madeiras como cedro, mel, frutas secas, passas, florais. Paladar encorpado e largo, bastante macio, com 20% de álcool, muito longo. Nos faz pensar em um queijo, tortas ou quem sabe um foie gras.
Nota: 92 pontos
Corpo: BC
L´Angelica Chardonnay 2004, Rocche dei Manzoni, Piemonte-Itália (Interfood, R$ 324,90).
Fermentado em barricas onde permacene 12-15 meses. Amarelo dourado. Aroma intendo e típico da casta, com frutas amarelas bem maduras, madeira, amanteigados, tostados, caramelo, amêndoas. Paladar de bom corpo, largo, 13,5% de álcool, untuoso e com acidez muito boa. Belíssimo Chardonnay, em um estilo entre moderno e clássico da borgonha. Perfeito aos 9 anos de idade, ainda viverá mais.
Nota: 91 pontos
Corpo: BC
Le Clos du Château l’Oiselinière 2003, Chéreau-Carré, Loire-França, (Premium, R$ 119,70).
Um Muscadet Sèvre et Maine, 100% Melon de Bourgogne de vinhedos têm 60 anos de idade, de baixos rendimentos, sem maceração, sem fermentação malolática e sem uso de barricas novas, fica 17 meses em contato com suas borras. Amarelo entre palha e dourado claro. Aroma elegante e mineral, floral, com notas de jasmin e acácia.
Paldar levinho, de deliciosa textura oleosa, muito longo e macio, com 12,5% de álcool, acidez equilibrada, tem finesse e personalidade, sem o menor sinal de idade.
Nota: 90 pontos
Corpo: LV
Condrieu 2005, Vidal Fleury, Rhône-França (Vinea, R$ 385).
100% Viognier com 40% do vinho passando 12 meses em barricas. Amarelo dourado brilhante. Aroma de bom ataque, com notas de fruta tropical madura, abacaxi, maçã, mel, cogumelos, flores. Paladar untuoso, oleoso, com 13% de álcool, acidez baixa mas mantendo o equilíbrio. Delicioso Condrieu maduro, para pratos de molhos cremosos, perfeito, sem o menor sinal de decandência.
Nota: 90 pontos
Corpo: MC
Pinot Gris 2003, Martinborough Vineyard, Martinborough-Nova Zelândia (Mistral, US$ 99,25).
Pinot Gris 100%, de colheita tardia, 40 % do vinho é fermentado em barricas usadas francesas onde fica 10 meses. Amarelo dourado brilhante. Aroma intenso, fresco e rico, com notas de ervas frescas e cítricos, fundo mineral delicado. Paladar macio, textuta oleosa sem perder o frescor, com 13,7% de álcool, as cegas engana fácil a idade, parece muito mais jovem e ainda tem vida pela frente Nota: 89 pontos
Corpo: LV
Premium Riesling 2005, Sandalford, Margaret River, Austrália (KMM, R$ 150).
100% Riesling, de vinhedos de 35 anos. Amarelo dourado intenso. Aroma expressivo e fresco, típico mineral de querosene, cítricos, flores brancas. Paladar macio e gordo, com 13,5% de álcool e acidez crocante, fresquíssimo e ainda com gás para alguns anos de guarda.
Nota: 89 pontos
Corpo: BC
Cheverny L’Héritière 2005, Domaine du Salvard, Loire-França (Decanter, R$ 180,55).
85% Sauvignon Blanc, 15% Chardonnay de vinhas de 60 anos. Passa 11 meses em barricas americanas, eslovenas e francesas. Vinificação natural, com leveduras selvagens, sem filtração
açúcar residual de 15,4gr/l, 13,5% de álcool. Amarelo palha. Aroma elegante com madeira na frente, mel, ervas, fundo mineral elegante.Paladar suave e largo, com açúcar perceptível e muito bem equilibrado ao conjunto, acidez baixa, longo com final macio. Fino, diferente e com caráter distinto.
Nota: 88 pontos
Corpo: LV
Chardonnay 2005, Stonier, Mornington Peninsula-Austrália (KMM, R$ 149).
100% Chardonnay. Amarelo dourado claro e brilhante. Aorma intenso de flores brancas, banana, pêra e melão maduros, avelãs, mel, baunilha. Paladar de médio-bom corpo, cremoso, de textura untuosa, já maduro mas em perfeito equilibrio, pronto não deve evoluir mais, delicioso agora.
Nota: 87 pontos
Corpo: BC
Sauvignon Blanc 2005, De Lucca, Canelones-Uruguai (Premium, R$ 50,02).
Elaborado com uvas bastante maduras, sem passagem por madeira. Amarelodourado carregado. Aroma de médio ataque de frutas bem maduras, damasco, abacaxi, laranja, mel, com notas de discreta oxidação. Paladar seco e sério, um pouco magro, com 13,5% de álcool, gastronomico. Abriu-se ao longo da prova, pode valer a pena decantar 30 min. Bom custo-benefício.
Nota: 87 pontos
Corpo: LV
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