Aproxima-se o aniversário de 10 anos da primeira harmonização de vinho e música do Brasil, em 2001. Na ocasião combinei tintos e brancos com o som barroco do cravo do maestro Roberto de Regina. Desde já celebro o feito lembrando que não sou o único ex-músico que se converteu ao culto de Baco.
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Roberto de Regina
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A lista dos é eno-músicos é longa, passa por vários gêneros musicais e dá a volta no planeta. Eu estudei piano clássico no Conservatório Brasileiro de Música do Rio de Janeiro, cantava jazz como cover de Sinatra na noite do Rio e tive uma banda de rock que gravou um disco (de vinil!) nos anos 1980.
Meu colega inglês Charles Metcalfe, colaborador de diversas publicações e fundador do International Wine Challenge (maior concurso de vinhos do mundo) foi cantor de ópera! Músico profissional por 10 anos (entre 1976 e 1986), Charles deu concertos na Europa, EUA e Ásia. Suas viagens como cantor o levaram a colaborar com revistas de turismo e a partir daí para revistas de vinho. Com Metcalfe fiz um trabalho importante a quatro mãos ano passado, que pode ser conferido em: www.mardevinho.com.br/colunas/50-melhores-portugal
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Charles Metcalfe
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Seu compatriota britânico Oz Clarke, um dos mais prestigiosos escritores de vinho do planeta, teve uma carreira de ator-cantor de destaque. Como ator trabalhou com importantes companhias de teatro como a Royal Shakespeare Company e fez cinema (atuou como um ladrão no filme “Superman”, de 1978). Cantando Oz esteve em diversos musicais, como na adaptação da BBC para “O Senhor dos Anéis” e na montagem londrina da peça “Evita”, na qual interpretou Perón.
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Oz Clarke
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Menos profissional, mas não menos digna, foi a carreira musical do gaúcho Lucindo Copat, diretor técnico da Salton, um dos enólogos mais respeitados do país. Em seus tempos de estudante de enologia Copat tocava violão à noite em bares para se manter. O repertório era tipicamente brasileiro, com muita Bossa Nova. Hoje ele ainda dá umas “canjas” em eventos beneficentes.
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Lucindo Copat
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Violão também era (e é) o instrumento de João Paulo Martins, principal crítico de vinhos português. Professor de violão clássico durante 10 anos, João Paulo me confidenciou: “ainda hoje olho com ternura para a minha excelente guitarra Ramirez, mas sei que já não vou lá”. Este amante de Villa Lobos garante que sua formação musical o influencia e ajuda na forma como trabalha com os vinhos.
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João Paulo Martins
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Outro português de destaque como escritor do vinho e músico profissional atuante é Anibal Coutinho. Este engenheiro civil de formação escreve sobre vinhos nas revistas NS e Evasões, tem um guia de vinhos muito lido em Portugal, além de um programa de TV dedicado ao tema. Anibal, que estudou canto no Conservatório Nacional de Lisboa, faz shows como cantor e é membro de grupos vocais, como o Coro Gulbenkian, o Coro de Câmara de Lisboa e o Coro da Universidade de Lisboa.
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O caso mais recente de um músico abraçando o vinho que tenho notícia é o de Mu Carvalho, compositor, produtor e instrumentista. Mu, que fundou A Cor do Som e hoje se dedica a trilhas sonoras da TV Globo, é agora também produtor de vinhos. Ele acaba de apresentar a primeira safra de seu vinhedo na Borgonha. Parabéns Mu!
Mu Carvalho
Château Carvalho
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A história mais curiosa dos músicos que se tornaram críticos de vinho a meu ver é a de Paul White. Este americano que hoje vive na Nova Zelândia colabora diversas publicações, como Decanter, Harpers e World of Fine Wine (Inglaterra), Wine Essência do Vinho (Portugal) e Australian Gourmet Traveller Wine.
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Paul White
O lado músico de Paul é igualmente rico e o coloca no status de autoridade no tema. Durante cerca de 20 anos (anos 1970 a 1990) Paul atuou como músico profissional, tocou fagote em orquestras (como Simphony du Marais, Academy of Ancient Music, Berkeley Baroque Orchestra, Los Angeles Baroque Orchestra etc), construiu instrumentos barrocos, deu aulas, publicou livros sobre música e fez seu PHD em “história dos instrumentos musicais” em Oxford. Foi nesta, que é a mais antiga universidade inglesa, que Paul foi contagiado pelo vírus báquico. Entre 1987 e 1992 em suas horas vagas Paul participava da equipe de degustação às cegas da universidade e acabou como capitão e depois técnico do time! Como tantos outros, Paul não resistiu ao chamado do vinho e largou a música. Será que se Paganini vivesse hoje ele trocaria seu violino por uma taça?
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Marcelo Copello (mcopello@bacomultimidia.com.br)
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