Por Marcelo Copello
Desde o dia 6 de abril a Wines of Argentina está sob novo comando. Alberto Arizu (proprietário da vinícola Luigi Bosca) retorna ao cargo sucedendo Susana Balbo (da vinícola Domínio del Plata), que agora segue carreira politica como deputada. Entrevistei com exclusividade com Alberto Arizu que nos falou de política, de futebol e prometeu uma retomada nas exportações, com atenção especial ao Brasil.
MARCELO COPELLO: Este é seu terceiro mandato como presidente da Wines of Argentina. Os outros mandatos foram em 2010 e 2013. O que mudou na indústria do vinho argentino desde 2010 até agora?
ALBERTO ARIZU: A indústria do vinho seguiu crescendo e se desenvolvendo muito neste período. O que mudou foram as condições internas do país, que infelizmente não favoreceram as exportações. Se fosse comparar 2010, meu primeiro mandato com hoje, eu diria que temos um contexto melhor interno, nossa produção se desenvolveu, mas um contexto externo, no que diz respeito a exportações, mais difícil.
MC: Como a crise na Argentina afetou a indústria do vinho no país?
AA: A crise interna nos afetou muito. Tivemos de desacelerar alguns segmentos de preço onde se estava perdendo dinheiro, pois com a crise as margens se reduziram muito, devido ao câmbio e a inflação. Isso causou uma desaceleração na força que a industria estava imprimindo desde 2003. Em 2010 começou o problema cambial, a inflação e as restrições às exportações. Apesar disso, a indústria continuou investindo e manteve crescente a qualidade de seus vinhos. O que perdemos foi market share, em especial nas faixas mais baixas de preço. Nas faixas mais altas mantivemos nossa posição. Agora, com novas condições nossa intenção é voltar e recuperar este market share, em especial no Brasil.
MC: O que a indústria dos vinhos argentinos espera do governo do novo presidente ad Argentina, Mauricio Macri, iniciado no fim do ano passado?
AA: Os primeiros meses do governo foram muito positivos, principalmente para as exportações, pois as estrições às exportações foram eliminadas e foi unificado o câmbio. No momento o que mais nos preocupa, mas que o governo tem totais condições de resolver, é a inflação/taxa de juros, que hoje é o principal problema que o país enfrenta
MC: Os vinhos argentinos perderam muito market share nos últimos anos no Brasil. Podemos agora esperar uma retomada dos vinhos argentinos no Brasil?
AA: A Argentina de fato perdeu muito mercado no Brasil, principalmente para o Chile, nosso maior concorrente. Perdemos, sobretudo, nos segmentos de preços mais baixos. Pelos problemas que já citei a Argentina perdeu competitividade e o Chile soube aproveitar o momento Queremos agora retomar esta fatia de mercado, esperando, claro, que o momento politico difícil no Brasil melhore. O Brasil era, até 2015, o segundo destino das exportações argentinas, de modo que qualquer problema no Brasil tem um impacto enorme em nossa indústria.
Para entender melhor os números citados veja a tabela abaixo:
Fonte: MDIC/ALICEWEB/Ibravin, Compilação: Marcelo Copello
MC: Sua vinícola, Luigi Bosca, segue firme no mercado do Brasil?
AA: Sim, seguimos bem. Temos uma relação de mais de 20 anos com nosso importador, a Decanter. Grande parte de nosso sucesso foi ter traçado com a Decanter um plano de longo prazo. Estamos, claro, preocupados com a situação atual do consumo do vinhos no Brasil. Estamos, contudo, muito ativos, sempre fazendo ações e promoções. O Brasil é o único mercado no mundo onde disponibilizamos absolutamente todos os rótulos que produzimos. Isso demonstra nosso apreço pelo mercado brasileiro.
MC: Sobre as Olimpíadas do Rio, será positivo para o comércio de vinhos?
AA: Em minha opinião particular, os grandes eventos esportivos, embora aumentem o consumo, não são tão positivos para o vinho. Claro que não podemos comparar Copa do Mundo com Olimpíadas, que deve ter um público bem mais qualificado, mas ainda assim não tenho grandes expectativas. Em todo caso, tudo que for bom para o comércio de vinho no Brasil é indiretamente bom para nós.
MC: O time de futebol da Argentina tem chance nas Olimpíadas sem o Messi?
AA: A Argentina está no melhor momento de sua história no futebol. Grande parte dos maiores jogares do mundo na atualidade são argentinos. Só acho que nossa equipe não tem ainda uma tática de jogo adequada, que tire proveito coletivo destes grandes talentos individuais. Eu gostaria muito que nosso técnico fosse o Marcelo Bielsa, honestamente não sou muito fã do sistema de jogo do Gerardo Martino.
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