O Grupo Cultural AfroReggae nasceu no dia 21 de janeiro de 1993. Tudo começou em uma festa chamada Rasta Reggae Dance, que foi criada originalmente para ser uma festa de funk, mas após os arrastões nas praias da zona sul e a proibição do funk, o ritmo foi substituído pelo reggae. Foi depois dessa festa que José Junior decidiu criar o Jornal AfroReggae, com o objetivo de difundir a cultura negra na cidade do Rio de Janeiro. Em 93, após a chacina de Vigário Geral, José Junior resolveu ir além, criando um projeto social com oficinas de música, dança e reciclagem na favela marcada pela violência e pelas vulnerabilidades sociais.
É impossível ser carioca sem nunca ter ouvido falar do AfroReggae. A ONG nasceu para quebrar a barreira entre a favela e o asfalto. Foi uma das primeiras ONGs a trabalhar com jovens de favela na década de 90, quando as chacinas ocorridas no Rio, como a da Candelária e a de Acari, impulsionaram muitos projetos sociais com foco em meninas e meninos de rua. O AfroReggae surgiu com a missão de afastar jovens da influência do tráfico através da arte e da cultura. Foi o projeto social que tirou Vigário Geral das páginas policiais e levou para as páginas de cultura, conquistando a simpatia de vários artistas como Regina Casé e Caetano Veloso, e tendo Wally Salomão como seu grande mentor.
O AfroReggae foi pioneiro em diversos projetos. O Segunda Chance é a primeira agência de empregos no mundo formada por egressos do sistema prisional para atender egressos do sistema prisional. O AfroReggae foi a ONG que tirou o maior número de pessoas do narcotráfico. Um dos primeiros projetos voltados para os direitos humanos e desenvolvido em parceria com a polícia foi o projeto Juventude e Polícia, realizado em Minas Gerais, que conseguiu levar nomes como Gilberto Gil, Marisa Monte, Titãs e Caetano Veloso para dentro das favelas, montando shows com a mesma estrutura dos grandes shows realizados em Copacabana. Fora do Brasil, o AfroReggae exportou tecnologia social para países como Índia, Inglaterra e Cabo Verde.
A ONG também despertou a responsabilidade social corporativa, tendo vários de seus projetos apoiados por grandes empresas. No seu catálogo de empresas apoiadoras estão Banco Real; Santander, que instalou sua primeira agência bancária dentro de uma favela no Complexo do Alemão; Natura, que criou um estúdio musical dentro de Vigário Geral para artistas que não tinham condições de gravar seu trabalho; RedBull, que realizou eventos esportivos dentro das favelas do Rio de Janeiro; faculdade Estácio, que apoiou oficinas culturais que atendem 200 crianças dentro de Vigário Geral; Oderbrecht; Vale, que apoiou a construção de um anfiteatro na favela do Cantagalo; além da Gol, parceria fiel da instituição, e Ambev, ambas apoiadoras do primeiro Centro de Esports dentro de uma favela.
No novo AfroReggae, o seu fundador José Junior agora é CEO da produtora AfroReggae Audiovisual, que além de ter como objetivo contar as histórias dos 28 anos da ONG em séries e filmes, também foi criada para ser o seu braço de independência, para que ela não dependa exclusivamente de patrocínios. Os produtos da AfroReggae Audiovisual já são uma realidade. As séries da GloboPlay Arcanjo Renegado e A Divisão são sucesso na plataforma digital e há outros produtos prontos para produção. A ONG, que sempre foi muito forte nas áreas de cultura e música, agora investe pesado no mundo dos Games. Em parceria com o empresário Ricardo Chantily, o projeto criou o primeiro Centro de Esports dentro de uma favela e formou um time que terá acompanhamento de psicólogo, preparador físico, aulas de inglês e programação, e disputará campeonatos. O projeto é apoiado pela marca de energético Fusion da Ambev, que é uma das importantes parceiras da ONG na jornada atual.
O AfroReggae nasceu para dar oportunidades a quem nunca teve oportunidades, atende uma população que sempre foi marginalizada. O debate sobre racismo e o protagonismo negro, que hoje se intensificam, sempre estiveram presentes no AfroReggae, que em 2007 colocou mais de 50 jovens negros na passarela da São Paulo Fashion Week, mudando a vida de diversos jovens negros e de favela. A ONG levantou a bandeira do diálogo no projeto COMANDOS, que visitou universidades e escolas, promovendo debates sobre segurança pública com a participação de ex-traficantes e policiais. Juntou ex-rivais do tráfico em um projeto de empregabilidade para egressos do sistema prisional. Em seus espetáculos de circo e dança, combateu a intolerância religiosa, que ainda é muito presente em nossa cidade. O AfroReggae criou pontes e uma delas é seu bloco de carnaval, que é o único bloco de favela que desfila na Zona Sul do Rio, sempre com índice quase zero de problemas relacionados à violência. O projeto Arco Íris foi um dos primeiros projetos a trabalhar com transexuais abaixo da linha da pobreza e ganhou respeito, não só na cidade do Rio mas em outros estados e países. O AfroReggae transforma vidas, e isso não acontece só no Brasil. Quando estive em uma favela em Calí, na Colômbia, dois jovens negros me abordaram dizendo que o AfroReggae foi sua inspiração para criarem um projeto social e uma banda de música. Eu também sou um exemplo de transformação. Cresci pessoal e socialmente dentro do grupo. Conheci 7 países nos meus 12 anos de AfroReggae.
A instituição deveria ser patrimônio público do Rio de Janeiro e do Brasil! Salve a arte que nos salva! Salve o AfroReggae!