O 11 de dezembro de 1983 é marcante para os tricolores. Naquele dia, o Fluminense venceu de forma épica o Flamengo com um gol de Assis no último minuto, dando um passo gigantesco rumo ao título estadual. Trinta anos depois, uma parcela de torcedores do time se reuniu para ver a partida e vibrou como se estivesse no estádio, com direito a unhas roídas, vitupérios contra o juiz, coros típicos de arquibancada e uma explosão no grito de gol. Na última terça-feira de março (26), esse Fla-Flu foi a atração da série Recordar É Viver, promovida pelo Bar da Eva, no Grajaú. Semanalmente, o boteco exibe em duas TVs de 46 polegadas um clássico inesquecível de um time carioca, contando sempre com a presença de um ídolo que esteve em campo. Na noite dedicada ao tricolor, o convidado foi o “carrasco” Assis, que se emocionou com o carinho dos fãs e ao rememorar o lance decisivo. “Já vi essa jogada mais de 5?000 vezes e não me canso. Foi a mais importante da minha vida”, conta o ex-jogador.
Iniciado há dois meses, e sempre nas noites de terça, o projeto leva a clientela do bar a atravessar o túnel do tempo, com uma programação democrática em relação às preferências do torcedor carioca. Na companhia dos ex-atletas Adílio e Rondinelli, os rubro-negros, por exemplo, puderam assistir ao principal jogo da história do clube, a decisão contra o Liverpool, em 1981, que lhe valeu o título mundial. Na onda de nostalgia, os botafoguenses relembraram o fim do jejum de 21 anos sem título ao lado do atacante Maurício ? protagonista da vitória por 1 a 0 sobre o Fla, em 1989 ?, que comemorou como nos bons tempos de gramado. Esses encontros acabam por atrair variadas gerações, com os mais velhos em busca de boas recordações e os mais jovens interessados em conhecer as glórias passadas. “Pude mostrar a eles um episódio memorável da história do Fluminense”, destaca o advogado Marcelo Palermo, 45 anos, acompanhado da filha Ana Clara, 9, e do sobrinho Sérgio, 14. Sócio da casa e mentor da série, o jornalista Sérgio Pugliese vai incluir na agenda jogos da seleção brasileira e de futebol de salão. A primeira atração de abril já deu uma mostra da diversidade. Foram exibidas partidas do América em sua última grande fase, na década de 80. “Fiquei perplexo. Pude ver meu clube jogar contra São Paulo e Atlético Mineiro com estádios cheios”, diz o apresentador de TV Alex Escobar, 38 anos, alvirrubro fanático. Se o presente está ruim, olhar para trás serve de consolo.