Impulsionada com o avanço da vacinação contra a Covid, a retomada da vida noturna se expande em polos como as imediações da Arnaldo Quintela, em Botafogo. Enquanto se discute, por exemplo, a aplicação do passaporte vacinal e a extensão do réveillon, o burburinho volta a ecoar com mais força em restaurantes, bares, calçadas.
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O movimento recupera o frescor social e os negócios asfixiados por meses de retração ou mesmo de suspensão das atividades, sobretudo durante a quarentena, na fase aguda da pandemia. “Mês passado foi o nosso maior faturamento desde que a gente abriu a casa, em três anos”, anima-se Eduardo Gomes, sócio do Porco Amigo.
Como a maioria desses comércios, o bar suspendeu o atendimento presencial durante boa parte da crise sanitária. Determinante à sobrevivência nesse período, a entrega em domicílio fez tanto sucesso que se transformou num serviço fixo. Revela-se tão importante quanto a comemorada volta das atividades presenciais, avalia o empresário.
O agito de fim de ano e a proximidade das férias têm lotado sistematicamente bares e restaurantes daquela área, assim como se observa no Baixo Leblon e em pontos de Ipanema e Copacabana. Ainda de acordo com Eduardo, o público crescente supera a expectativa e exige (felizmente) mais empenho profissional: “Estamos trabalhando mais do que antes para conseguir atender a elevada demanda”.
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Aos habituais clientes, somam-se calouros na noite carioca – boa parte deles embalada pela vontade ou necessidade de espanar a poeira do confinamento. O estudante da UFRJ Victor Bastos, de 18 anos, é um dos que passaram a se aventurar na vida noturna. Ele conta que só recentemente começou a frequentar bares e espaços públicos. Não tinha esse costume antes da pandemia.
“Ficar obrigatoriamente em casa me fez perceber a falta que sair à noite me fazia. Resolvi que não iria desperdiçar nem mais um dia depois da liberação”, justifica.
O desejo reprimido pela abstinência forçada se estende a notívagos como Antônio Cipoleta. Ávido frequentador do Porco Amigo, ele “não via a hora de voltar a sair às ruas depois de passar tantos meses isolado em casa”. Cipoleta percebe um progressivo avanço do movimento após o início da vacinação.
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Já Lucas Moreira, estudante de Economia na PUC-Rio, não pretende, por ora, juntar-se a esse público. Mesmo tendo tomado duas doses da vacina, o morador do Jardim Botânico não se sente “preparado para voltar a frequentar seus bares prediletos”. Ele ainda teme ser contagiado pelo Covid-19, principalmente em meio às constantes notícias de novas variantes. “Só volto [aos bares] quando o Brasil todo estiver vacinado”, condiciona o jovem.
A relutância, ou prudência, de Lucas é acompanhada por outros tantos consumidores divididos entre a vontade de retomar plenamente os programas em bares, restaurantes, shows, boates, e as precauções impostas por uma crise sanitária que, embora mais próxima do controle, ainda não foi erradicada. Tanto que o reaquecimento da noite carioca não dispensa cuidados como usar máscara e evitar aglomerações.
*Clara Vieira, Débora Barbosa e João Gabriel, estudantes de jornalismo da PUC-Rio, sob supervisão de professores da universidade e revisão final de Veja Rio.