O desembarque dos sorvetes americanos Ben & Jerry’s no Rio foi gradual, mas não teve nada de discreto. Geladeiras cobertas com uma pintura que reproduz uma fazenda de desenho infantil, com vaquinhas em um prado verde, foram instaladas em supermercados selecionados e lojas moderninhas. Quem se aventura a abrir a porta dos equipamentos não passa incólume por uma pequena surpresa: um dispositivo dispara um sonoro mugido. Dona de um arrojado posicionamento de marketing, escorado nos princípios de sustentabilidade, comércio justo e em sabores artesanais inusitados, a marca agora dá um novo passo em sua estratégia de fincar bandeira em solo carioca. Em agosto, serão abertas simultaneamente três sorveterias que comercializarão os produtos com exclusividade na cidade — duas no Aeroporto Tom Jobim e uma no BarraShopping, na Barra da Tijuca. Além de degustar os sabores que já eram disponibilizados na cidade (basicamente sorvetes ricos em leite com pedaços enormes de caramelo, biscoito e chocolate), será possível se esbaldar com dez variedades inéditas por aqui, vendidas em versões de 12 a 24 reais, dependendo da quantidade de bolas. “O carioca é fitness, a gente sabe, mas ele também se permite indulgências como tomar um chope ou um sorvetinho. Estamos otimistas com o negócio”, diz André Lopes, diretor da Ben & Jerry’s no Brasil.
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Fundada em 1978 por Ben Cohen e Jerry Greenfield, dois amigos que fizeram um curso por correspondência sobre fabricação de sorvetes e abriram uma loja num posto de gasolina abandonado, a marca é hoje uma verdadeira instituição em seu país de origem. Desde o princípio, seu forte são as receitas exageradamente doces e calóricas. “O Ben nunca teve bom paladar, então mandava sempre acrescentar mais açúcar, leite e pedaços grandes de doces nas receitas, o que acabou virando um traço característico das preparações”, explica Lopes. Comprada pela multinacional Unilever há dezesseis anos, por 2,5 bilhões de dólares, a empresa com sede em Burlington, no Estado de Vermont, ainda mantém forte vínculo com causas focadas em responsabilidade social (os brownies, por exemplo, são fornecidos por uma padaria que contrata ex-presidiários), projetos ambientais e de certificação de origem de insumos. Em São Paulo, para explicitar seu lado ativista, a rede chegou a realizar um casamento gay dentro da loja principal. Os cariocas que imaginam que a Ben & Jerry’s se reduz a bombas calóricas e mugidos não perdem por esperar pelas surpresas que virão por aí.