Vem do pacato município de Carmo, na Região Serrana do Rio, a melhor ‘marvada’ do Brasil em 2022. E a surpresa para os jurados e cachaceiros (leia-se, pessoas que entendem da bebida) é que a dita cuja é do tipo límpida e transparente, a chamada ‘branquinha’, sem a passagem por barricas de madeira que agrega sabores e costuma impressionar os jurados nos concursos. A Cachaça Da Quinta Prata foi eleita entre 50 finalistas a cachaça do ano pelo corpo de jurados da respeitada Cúpula da Cachaça, em seu ranking bienal.
Cuidada por mãos femininas, a vencedora é certificada como orgânica e traz 100 anos de produção na fazenda situada em vale próximo ao Rio Paraíba do Sul. À frente do negócio está Kátia Alves Espírito Santo, neta do fundador do alambique, o imigrante português Francisco Lourenço Alves. Na terceira geração da família, ela modernizou a produção, elevou a qualidade e hoje exporta sua linha para países como Estados Unidos, França, Inglaterra e Japão.
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A vencedora é armazenada por seis meses em aço inox e levou também o título, naturalmente, na categoria das brancas. Quem venceu entre as armazenadas em madeira foi a mítica Anísio Santiago (Havana), de Salinas (MG).
A eleição promovida pela Cúpula da Cachaça durou cinco meses em três fases, começando pela votação popular na internet onde mais de 48 mil eleitores indicaram suas cachaças para a formação de uma série de 250 rótulos. Em seguida, um grupo de 28 especialistas fechou a lente em 50 finalistas, que foram degustados às cegas em dois dias pelos chamados ‘cúpulos’, um time de engenheiros, técnicos, jornalistas, bartenders e outros experts e amantes do destilado brasileiro.
Integrante do corpo de jurados, o jornalista e especialista Dirley Fernandes, editor do site Devotos da Cachaça, lembra que bebidas com passagem por barris de madeira venceram as quatro últimas edições do concurso. E comemora a quebra da hegemonia.
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“A cachaça branquinha e sem madeira é mais pura e sincera, exibindo as virtudes de seus aromas florais e herbáceos, seu frescor. Expressa claramente as influências da cana, do solo, da região. A madeira pode disfarçar defeitos e uniformizar a bebida”, explica Dirley.