Pouco antes da Copa do Mundo e da Olimpíada, megaeventos que catapultaram a projeção do Rio — para o bem e para o mal — no cenário internacional, a editora britânica Footprint lançou uma versão comemorativa de seu guia de viagens South America Handbook — 1924. Trata-se de um catatau de 691 páginas, impresso exatamente como o original, do início do século XX. No capítulo dedicado ao Brasil, a então capital Rio de Janeiro ganhou 87 linhas, que exaltam a paisagem deslumbrante, cujo ponto alto é a bela baía cercada por morros de curvas suaves e altos picos de granito. Ao indicar lugares onde os visitantes deste paraíso poderiam comer bem, entretanto, a publicação destacou alternativas modestíssimas. Mereceram menção no livro a Rotisserie Americana, na Rua Gonçalves Dias, o Franciscano, na Avenida Rio Branco, e o Assyrio, no subsolo do Theatro Municipal. Para refeições rápidas, um chá ou um café, as recomendações eram as confeitarias Alvear e Colombo.
Passadas mais de nove décadas desde a primeira edição do compêndio, a cena gastronômica carioca transformou-se em uma miríade de opções, com sabores provenientes dos quatro cantos do planeta, sintonizados com as últimas tendências internacionais. Tal efervescência culinária pode ser constatada neste especial de VEJA RIO COMER & BEBER. Com 250 restaurantes listados, dos quais dezesseis foram premiados por sua excelência, esta edição reúne ainda em suas 252 páginas 210 bares (dez premiados) e 140 estabelecimentos especializados em refeições ligeiras, lanches, sucos e doces (nove premiados). Para elaborar tamanha seleção, o editor Pedro Tinoco contou com a competência e o esforço dos críticos Fabio Codeço e Carolina Zappa e dos repórteres Isabelle Lindote, Luna Vale e Rafael Cavalieri, em um tour de force de apuração que se estendeu por quase três meses. À frente das artes gráficas, a editora Marta Teixeira arregimentou o fotógrafo Tomás Rangel, o ilustrador Vitor Martinez e a designer Aline Ranna para transformar as sensações despertadas pela gastronomia campeã do Rio nas imagens e cores que estampam as belas páginas que você, caro leitor, folheará a seguir. A propósito, se estiver interessado em uma experiência semelhante à que os leitores do South American Handbook tiveram naquele longínquo ano de 1924, basta checar a página 49. Lá se encontra a resenha da Confeitaria Colombo, a única remanescente das casas recomendadas pelos ingleses, hoje transformada numa espécie de portal entre o passado e o presente da boa mesa carioca.