Paulistano, filho de gaúchos, Pedro Siqueira, 38 anos, traz da infância o aroma de costelões assando nos churrascos de família e o sabor das compotas preparadas pela avó materna. A importância dessas lembranças foi relegada por um tempo. Sem convicção sobre o que fazer da vida, ele se graduou em turismo e foi trabalhar na área de eventos de um resort na Bahia. Para conhecer melhor o negócio, arrumou um estágio na cozinha do complexo turístico — e se encontrou. Vocação descoberta, Siqueira atuou por quatro meses no prestigiado D.O.M., de Alex Atala. Em seguida, veio a sólida formação francesa. No paulistano Eau, comandado por Pascal Valero, entrou como ajudante e saiu chef de partida quatro anos depois. Após uma temporada no parisiense Taillevent, com duas estrelas no Guia Michelin, foi apresentado ao Rio por Erik Jacquin — o mestre-cuca e celebridade, estrela do programa MasterChef Brasil, confiou ao rapaz a cozinha do Agraz, bistrô no hotel Caesar Park. Seu currículo inclui participação na equipe inaugural do Fasano al Mare e passagem marcante por uma casa em Juiz de Fora. Na cidade mineira, o contato com produtores inspirou-o a criar o Puro, onde brilhou ao ponto de disputar o prêmio de chef revelação na edição de 2015 e, agora, conquistá-lo. O ponto no Jardim Botânico serve comida brasileira contemporânea, com toques rústicos e arrojados. “Não tiro a casca nem as raízes, gosto de deixar os ingredientes na forma mais natural possível”, conta (confira três pratos na foto à direita). Até o fim de julho de 2016, ele abre, na Rua Dias Ferreira, uma casa de massas à brasileira, com novos formatos e nomes para o macarrão, além de molhos de alma brazuca. Vem coisa boa aí.