COMER & BEBER 2016: Felipe Bronze é o chef do ano
Quando parecia mais presente na TV do que na cozinha, o mestre-cuca surpreende outra vez, com as receitas de um renovado Oro
O último ano foi de muito trabalho para Felipe Bronze. Principalmente diante das câmeras. Entre maio de 2015 e maio de 2016, o mestre-cuca emendou duas edições como apresentador dos programas The Taste Brasil — venceu ambas, para a decepção dos adversários, os chefs André Mifano e Claude Troisgros — e outras duas do reality show de confeitaria Que Seja Doce, atualmente na segunda temporada. Mas nem só de TV viveu o mestre-cuca. Entre uma gravação e outra, Bronze encontrou tempo para cuidar da cozinha e planejar, em detalhes, a volta do Oro, restaurante cuja reabertura, em abril de 2016, se deu cercada de expectativas. Na nova encarnação da casa, Bronze faz uma inteligente releitura de seu trabalho. Abandonou esferificações e o uso de nitrogênio líquido, mas manteve por perto, discretamente, outras técnicas da cozinha molecular. Tudo para alcançar um objetivo básico: ressaltar o gosto da comida. “Quero que as pessoas levem na memória o sabor do que provaram aqui”, diz. Seu foco agora é a brasa, alvo de um movimento que se espalha na alta gastronomia, difundido por chefs espanhóis como Víctor Arguinzoniz, do restaurante basco Etxebarri. Apesar da familiaridade do brasileiro com carvão e chamas — lembremos que o churrasco é um esporte nacional —, trata-se de um método que exige muito do cozinheiro, dada a instabilidade da temperatura. Desafio, no entanto, sempre foi palavra de ordem para Bronze, que, em sua carreira, colheu alguns fracassos por consequência direta da ousadia de suas ideias. Mas ele sempre volta a surpreender. Apenas dois meses depois de retornar ao fogão, ergue, pela quarta vez, o troféu de chef do ano. E anuncia, para agosto de 2016, a reabertura do Pipo, seu negócio de perfil mais despojado. Aos telespectadores, avisa ainda que volta à TV, em 2017, com um programa só seu.