Italiana de Castello, cidadezinha na Província de Caserta, na Campânia, ela se divertia quando menina pisando as uvas usadas por seu tio na produção de vinho caseiro. Nos almoços de família, ainda pequena, bebia uma solução de tinto e água com gás. “Era nosso refrigerante”, lembra. Filha do restaurateur Antonio Carrizzo, fundador de casas de prestígio no Rio, como Arlecchino, Grottamare e Don Camillo, Julieta mudou-se com a família para a cidade aos 6 anos, por vontade da mãe, carioca saudosa de casa. Formada em hotelaria em Lausanne, na Suíça, foi estagiar no Copacabana Palace, onde passou por diversas funções. Certa vez, dando expediente no Cipriani, serviu uma garrafa que custava o dobro do seu salário. Aí começou o interesse profissional pelo vasto e valorizado mundo das uvas, até então lembrança da brincadeira de infância. Sem a aprovação do pai, que considera o universo do sommelier masculino e enfadonho, fez sua formação na ABS-Rio às escondidas. Passou pelo Sofitel e pelo Hotel Santa Teresa até chegar ao Irajá Gastrô, ainda na fase de construção do restaurante. Ali montou sua primeira carta e iniciou a carreira. Sua evolução nos últimos quatro anos é notória. Desafiada pelas originais criações do patrão, o chef Pedro de Artagão, Julieta Carrizzo, 32 anos, faz harmonizações imprevisíveis, que incluem cachaça, drinques e cerveja. “A busca pelo prazer é sempre o objetivo”, diz a profissional, hoje à vontade para discorrer sobre rótulos, sem pompa nem palavras vazias. Estudiosa, ela anda apaixonada por vinhos naturais, orgânicos e biodinâmicos. Sua nova carta para o Irajá Gastrô é exclusivamente dedicada a essa tendência da enologia.