Eis aqui um pescador transformado em cozinheiro pelo mar, fascinado por ele desde a infância entre mergulhos e anzóis, que foi levado pela correnteza a realizar um trabalho inédito na restauração carioca. Mais do que revelação, o chef que sai de barco, da porta de casa, para pescar os próprios peixes é um revolucionário em suas águas.
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A começar pela utilização da técnica japonesa ikejime, incisão que paralisa o cérebro dos pescados e mantém os órgãos ativos, para que entrem com frescor absoluto na câmara de maturação exposta no salão, onde ganham textura e sabor peculiares, acentuados na brasa.
“Tem maré, horário, isca e objetivo. O mundo da pesca, com tantas combinações, se parece com a cozinha“, diz Gerônimo, criado no interior mineiro e apresentado ao mar em Vitória.
Ele formou-se em um curso técnico de gastronomia e, de passagem pela Costa Rica, teve a ideia de abrir o próprio restaurante. O Ocyá é também a casa onde mora, com mesas ao ar livre em chão de cascalho, à sombra de amendoeiras na Ilha Primeira, na Lagoa da Tijuca, na Barra.
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À frente da churrasqueira, explora os insumos em pratos como o peixe maturado na brasa (R$ 72,00) com aïoli de salsa. Fora do cardápio, surgem raridades como o “jamón” de atum curado (R$ 58,00), um delicado presunto marinho. Trata-se de mais um peixe pendurado entre dourados e anchovas na câmara onde chegam a ficar por sessenta dias, entre 1 grau negativo e 3 graus, em processo acompanhado por técnicos em veterinária da UFF. E assim, com experimentação e sensibilidade aliadas a muito estudo e tecnologia, descortinam-se novas portas para o sabor.
Ilha Primeira, Barra da Tijuca, ☎ 97286-1250 (85 lugares). 17h30/22h (sáb. 12h/22h; dom. 12h/18h; fecha seg. a qui.). www.ocya.com.br. Aberto em 2022. $$$