Poderia ser em Ibiza, Mikonos, St. Tropez ou outro balneário queridinho das celebridades internacionais. Ao cair da tarde, garçons circulam pela areia levando taças de espumante, cerveja em copos de vidro e belisquetes vistosos. No deque reservado, a gente bronzeada ali em torno dos 30, 40 anos forma animadas rodinhas para brindar a chegada do novo point à orla do Leblon. Aberto há três semanas na faixa da praia diante da Avenida Afrânio de Melo Franco, o quiosque do Riba repete o sucesso da matriz, um boteco arrumado na Rua Dias Ferreira. A anos-luz de seus antecessores, que tinham cadeiras de plástico e cardápio resumido a água de coco, cerveja em lata e pacotes de salgadinho, o elegante recém-chegado atrai a clientela com ambiente espaçoso e bem cuidado. “Na Europa, trechos de orla são disputados por estabelecimentos de bom gosto e bombam no verão. No Rio, favorecido pela beleza natural e pelo clima, não encontrei nada com essa pegada”, conta o italiano Arturo Isola, sócio da empreitada, que ganhou também uma unidade na Barra, em frente à Avenida Olegário Maciel.
O recanto de serviço atento recebe a clientela com mesas e bancos de madeira, além de cadeiras de praia em torno de caixotes de feira que, na areia, servem de apoio. A moderna infraestrutura inclui 160 metros quadrados no subsolo com banheiros, cozinha, câmara frigorífica e depósito. Sob a consultoria do americano David Connell, sous-chef do restaurante três- estrelas Grace, em Chicago, a chef e sócia Renata Araújo incluiu no menu sugestões exclusivas, como sanduíche de lagosta (70 reais) e ostras frescas de Santa Catarina (40 reais, seis unidades) servidas de sexta a domingo. Tanto esmero atraiu as campeãs olímpicas americanas Kaleigh Gilchrist e Maggie Steffens: elas comemoraram por lá a medalha de ouro no polo aquático, entre caipirinhas e garrafas de champanhe Dom Pérignon (a 1 180 reais cada uma). Reflexo vistoso de um projeto de revitalização que já reformou, desde 2006, 110 dos 309 postos do Leme ao Pontal — ao custo de 103 milhões de reais —, o Riba está entre os primeiros representantes de um novo modelo de negócio em doce balanço a caminho do mar.
“Há uma demanda por boas opções à beira-mar, para almoçar com os amigos ou comemorar aniversário. As melhorias devem impulsionar a mudança de cultura, e a tendência é que surjam mais novidades”, aposta João Marcello Barreto, vice-presidente da concessionária Orla Rio, responsável pela administração dos quiosques.
Rick Amaral gostou da ideia. Ao lado de Daniela Maia (filha do ex-prefeito Cesar Maia) e de Paula Ibarra, prima dela, abriu o Qui Qui, em São Conrado, onde moram. “O bairro é uma espécie de condado, protegido, e o morador, de perfil elevado, é carente de opções”, acredita o empresário, filho do outrora rei da noite Ricardo Amaral. Frequentado pela alta sociedade carioca, o espaço, que ocupa há três semanas o lugar de um quiosque desativado por mais de dois anos, oferece pratos elaborados por Ronaldo Canha, do restaurante Quadrucci, além de bons rótulos de vinho branco ou rosé. Amaral aponta como referência o vizinho Gávea Beach Club, frequentado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e pela atriz Adriana Esteves. Há quatro anos no bairro, o pioneiro endereço abriu, no fim de julho, filial na Barra, em frente ao hotel Windsor.
Nessa leva, porém mais low-profile, o Atlantico fica na Praia do Pepê. Dono do Florería Atlántico, em Buenos Aires, eleito o melhor bar da América Latina pela revista inglesa Drinks International, o argentino Tato Giovannoni comanda desde dezembro de 2015 o quiosque de estilo hippie-chique. No improvisado balcão são preparados coquetéis com ingredientes de primeira, a exemplo do gim de marca própria Principe de Los Apostoles. Servidos a 35 reais, os drinques conquistaram fãs, entre eles a atriz Mariana Ximenes. Receitas como o polvo com purê de abóbora (80 reais) completam a prazerosa experiência. Perto dali, o badalado Clássico Beach Club, destino de público abastado, não dorme no ponto: convocou o premiado bartender Alex Mesquita para criar sua nova carta de drinques. A maré, ao que parece, está mudando.