No universo dos programas humorísticos da TV, bordões são ingredientes importantes. Ajudam a criar identificação com o público e perpetuam-se na boca dos fãs. Nesse quesito, poucos personagens foram tão prolíferos quanto o carioquíssimo Mussum, o mangueirense bom de copo do seriado Os Trapalhões, cuja mania era terminar as palavras com “is” ou “évis”. No mês em que seu intérprete, Antônio Carlos Bernardes Gomes (1941-1994), faria 75 anos, a cervejaria Ampolis, que tem o antigo trapalhão como símbolo, comemora a venda de 1,5 milhão de litros de cerveja em menos de três anos de funcionamento — um feito e tanto para um produto artesanal — e prepara-se para ganhar o mercado externo. “Sempre quis homenagear meu pai. Primeiro, pensei em abrir um bar com seu nome, mas, num churrasco com amigos, meio de brincadeira, decidimos começar pela cerveja”, conta Sandro Gomes, filho do humorista e fundador da empresa, com Diogo Mello e Leonardo Costa.
Da ideia à prática foram dois anos de pesquisa. Sem conhecimento de causa que fosse além do prazer de beber, o trio entregou ao respeitado mestre-cervejeiro André Cancegliero, da Cervejaria Urbana, de São Paulo, a tarefa de criar um rótulo. Com investimento inicial de 20 000 reais, puseram na rua, em 2013, a Birits, vienna lager com baixo teor alcoólico e amargor moderado. E os 1 800 litros iniciais, destinados a meia dúzia de bares no Rio e na capital paulista, precisaram virar 15 000 para dar conta dos pedidos. “Não é uma cerveja para especialistas, mas é benfeita e, para atingir o grande público, cumpre seu papel”, atesta Gil Lebre, eleito o melhor sommelier do país pelo Instituto da Cerveja Brasil.Com mais dois rótulos — Cacildis e DiTriguis — e um novo sócio, Daniel Nigri, a empresa projeta um crescimento de 500% até o fim de 2016. Há planos ainda de dobrar a produção atual, passando para 70 000 litros mensais. No mês que vem, os produtos irão para os Estados Unidos, e, depois, o objetivo é conquistar Canadá, Portugal e Angola, entre outros países. Nas frases de Mussum, havia uma sentença icônica: “Minha vida é um litro abertis”. Pois isso nunca fez tanto sentido.