Com o boom da coquetelaria ao redor do globo, os cariocas vêm experimentando, ao lado de elaboradas receitas autorais, uma volta de clássicos há muito esquecidos. O negroni foi um deles: de origem italiana, o intenso coquetel à base de gim, vermute e Campari virou febre nos balcões e nas contas de Instagram — com um empurrãozinho de marcas de bebidas que investiram em ações como a Negroni Week. Agora, outra receita da mesma família está conquistando seu lugar. Trocando o gim pelo bourbon (o uísque americano), o boulevardier ressurge entre os bons de copo. “A popularização do negroni tornou-se a chave para a introdução de sabores amargos, e o público tem explorado outras versões similares”, confirma o bartender Lelo Forti, que oferece a tradicional mistura no Mixxing, reinaugurado recentemente nos fundos do italiano Gusto, no Leblon, a quem pede sugestões. “Quem prova costuma aderir”, garante ele.
O drinque está tão em alta que, embora tenha sido criado em 1927 em Paris, por Erskine Gwynne, escritor americano expatriado e fundador da revista literária The Boulevardier, acaba de ser decretado pela prestigiada revista britânica The Economist como o coquetel do ano. À frente do Nosso, em Ipanema, Tai Barbin reconhece o aumento da procura de coquetéis mais amargos, mas se diz surpreso com a fama que eles vêm alcançando. “É que o brasileiro conserva uma herança muito doce, e o boulevardier é um passo mais amadurecido em termos de paladar”, diz o mixologista, que prepara ainda uma versão do old fashioned, outra dessas fórmulas centenárias e pouco açucaradas (veja o quadro abaixo). Opções, realmente, não faltam. Chefe de bar do asiático Xian, no Centro, Rod Werner também acaba de incluir a receita do boulevardier na carta da casa, elaborada com cinco tipos de bourbon ou na versão degustação, para quem quer começar a se aventurar com estilo nessa seara.