Vai ter DJ, decoração temática na loja e piroffles – os desejados waffles em formato de pênis – enfeitados com corações. Depois de recorrer na Justiça contra sanções sofridas pela loja, após processo administrativo da Secretaria Nacional de Defesa do Consumidor (Senacom), do Ministério da Justiça, a loja La Putaria, fenômeno de público (e polêmicas) em Ipanema, vai produzir um Dia dos Namorados que promete sacudir a Rua Visconde de Pirajá, artéria principal do bairro.
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“Será uma experiência cheia de humor e sabor“, diz a mineira Juliana Lopes, de 26 anos, que ao lado do namorado, o austríaco Robert Kramer, 35, criou a loja de 30 metros quadrados que atendeu cerca de 10 mil pessoas em 30 dias de funcionamento.
A dupla é defendida na Justiça pela advogada Deborah Sztajnberg, doutora com tese na área da liberdade de expressão e propriedade intelectual, conhecida pela defesa do pesquisador Paulo Cesar de Araújo no caso da biografia proibida pelo cantor Roberto Carlos. Ela enxerga como “procedimentos anormais” as determinações do órgão de defesa do consumidor para que a loja esconda o letreiro com o nome La Putaria, não exponha produtos na vitrine, e não venda a menores de 18 anos. Coisas que, segundo a defesa, jamais ocorreram.
“Trata-se de uma censura orquestrada em ano eleitoral, que nasce de um procedimento anômalo dentro do Ministério da Justiça. Nunca houve algum produto exposto na loja, a venda ocorre nos fundos e é humanamente impossível vender para menores de idade. A fantasia deles (Senacom) é espetacular, parece que querem ver menores lá dentro, porque isso simplesmente não existe”, afirma a advogada.
Por conta do imbróglio, Juliana estendeu sua estadia no Rio, cidade que não conhecia antes da abertura da La Putaria, e Robert retornou a Lisboa, onde ambos residem e abriram a primeira loja, com o mesmo sucesso e as mesmas filas no Bairro Alto. Porém, sem sofrer tentativa alguma de censura. Pouco depois da abertura, eles foram convidados e entrevistados por programas de entretenimento nas principais emissoras de televisão de Portugal.
“É a volta da censura. Não tivemos problema algum em Portugal, mas parece que não é possível empreender no Brasil de forma correta e legalizada, gerando empregos e pagando impostos. Será que estão preocupados com tantas crianças que vemos no bairro passando fome e pedindo dinheiro?”, questiona Juliana.
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Em pesquisa realizada pela Associação de Moradores e Amigos de Ipanema (AMAI) com 3 mil associados, na época da abertura da loja, há um mês, apenas 20% se manifestaram contrários à inauguração.