Nem sempre é fácil eleger uma garrafa de vinho para acompanhar os nossos melhores momentos – um fim de tarde no happy hour, beliscando uns petiscos de frutos do mar, ou na hora de preparar um almoço de domingo com a família. Do jantar do dia a dia com os amigos a uma comemoração romântica especial. São poucos os vinhos que transitam bem por todas elas, é verdade. Mas sempre há aqueles que conseguem fazer bonito em diversas ocasiões.
Os vinhos produzidos na Região do Vinho Verde, no Norte de Portugal, são desse estilo. Mesmo que seja difícil eleger uma só situação para se abrir uma garrafa, sem dúvida alguma uma das melhores estações para experimentá-lo é o verão. Por se tratar de uma bebida muito fresca, com teor alcoólico mais moderado e leve, esses vinhos são ideais para as altas temperaturas que os termômetros marcam no Brasil nesta época – não é à toa que perto de 2 milhões de garrafas desembarquem aqui todos os anos.
“É um vinho que pode ser bebido em diversos momentos, como um aperitivo refrescante no calor ou acompanhando pratos mais leves de entrada e até os pratos principais, dependendo do estilo em que tenha sido produzido”, afirma o sommelier Gianni Tartari. “São perfeitos para o nosso clima.”
Para o sommelier, o grande diferencial é a elegância, sejam eles brancos, rosés ou tintos: “São vinhos em que encontramos muitas texturas, sabores, aromas e prazeres sem fim”, diz.
Qual sua origem?
São conhecidos como Vinhos Verdes todos os vinhos produzidos na região de mesmo nome, no Noroeste de Portugal – não tem a ver com a cor do vinho ou o tipo de uva. Ao norte do Rio Minho, a Região do Vinho Verde é uma das Denominações de Origem do país e é considerada a maior em área de produção (são mais de 19 mil produtores). Nos últimos 10 anos, o crescimento das exportações para o Brasil foi de 300%.
Sempre fresco
Por estar próxima ao litoral português, a região recebe influências marítimas do Atlântico, o que garante mais frescor às uvas dali. Na paisagem irremediavelmente verde que perpassa todo o caminho de quem visita a região, entre vales e rios, praia e montanhas, as vinhas estão por todos os lados. A partir delas, são produzidos vinhos leves e sem pesar no álcool.
Acidez na medida
A acidez é tão presente que se tornou uma marca registrada dos Vinhos Verdes. As uvas utilizadas na produção desses vinhos (como, por exemplo, a Alvarinho e a Loureiro entre as brancas, e a Vinhão e Espadeiro entre algumas tintas) são ricas nessa característica, que é passada para o vinho durante o processo de fermentação. Assim, o vinho fica mais vivo, refrescante.
Variedade
Os vinhos também possuem aromas e sabores bem distintos em função das castas regionais autóctones (cerca de 30 delas), tão peculiares e diferentes umas das outras. Dessa forma, é possível conhecer vinhos com perfis muito particulares, mesmo que feitos na mesma Denominação de Origem: de blends a varietais, branco ou rosado, tinto ou espumante. “Hoje, podemos encontrar alguns Vinhos Verdes que tiveram passagem por barricas de carvalho, durante a fermentação ou leve amadurecimento”, explica o sommelier. “Eu gosto muito dos dois estilos: leve e refrescante, com imenso aroma frutado, ideal para bebericar sem compromisso; ou mais firme e consistente, com aromas mais complexos para enfrentar uma harmonização.”
Harmonização
“A acidez é muito bem-vinda para acompanhar, inclusive, pratos que tenham mais gordura [à base de manteiga, azeite ou creme de leite], pois, em contato com a acidez, a untuosidade e a sensação adocicada causada pela gordura diminuem, deixando a boca mais fresca”, afirma Tartari. Difícil escolher uma só comida para harmonizar, já que vai bem com saladas e pratos orientais, passando até por carnes e, quem diria, sobremesas. “Minha sugestão de harmonização com um belo Vinho Verde branco seria um prato de camarão na moranga! Já deu água na boca de pensar…”, diz ele.