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Carioca que mora em Londres relata sufoco em fim de férias

Bia Kling estava de férias na Espanha e, para embarcar para Londres nesta segunda (16), precisou de ajuda da Polícia Federal

Por Marcela Capobianco
Atualizado em 17 mar 2020, 17h08 - Publicado em 17 mar 2020, 12h47
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  • “Chegando ao aeroporto de Gran Canaria, avistamos um arco-íris, um alento depois de dois dias em quarentena no hotel, saindo só para ir ao supermercado. É hora de voltar para Londres. Eu logo percebi o que significava o ‘estado de alarma’ imposto pelo governo espanhol. Tudo no aeroporto estava fechado, as lojas, os restaurantes, cafés e Duty Free. O alto-falante não anunciava os voos e muitas pessoas usavam luvas e máscaras.

    Aeroporto vazio na Espanha
    Aeroporto em Gran Canaria: lojas fechadas e pouca informação (Bia Kling/Arquivo pessoal)

    Eu me senti num episódio de Black Mirror, com uma pitada de The Handmaid’s Tale, um cenário surreal e assustador. Nem a Polícia Federal espanhola estava à vista no aeroporto, tive que pedir ajuda a funcionários da companhia área para conseguir um carimbo de saída no passaporte.

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    Aterrissamos em Londres no meio da noite, por todos os lados avisos de cuidados com Coronavirus e prevenção. Difícil pensar em outra coisa, um fim de férias amargo para quem buscava um pouco de sol e temperaturas mais altas uma semana atrás. Parece que o mundo mudou para sempre e todos nossos planos se desmancharam no ar.

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    Em Muswell Hill, bairro em que moramos, movimento como sempre. Há quem diga que é um dia normal, até entrar em lojas e supermercados e se deparar com prateleiras vazias e filas intermináveis. O grupo do whatsapp do trabalho traz notícias ruins, de que o museu onde eu trabalho vai fechar amanhã (quarta, 18), dia em que eu voltaria de férias.

    Supermercado vazio em Londres
    Prateleiras vazias: em Londres, moradores estocam alimentos e itens de higiene pessoal (Bia Kling/Arquivo pessoal)
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    Não sei o que vai ser o dia de amanhã, o governo britânico deu conselhos vagos à população e Londres é vista como o provável epicentro da epidemia no país. O que eu sei é que ficando em casa eu não coloco outras pessoas em risco, então é o que pretendo fazer.”

    *Bia Kling é historiadora da arte e trabalha na Royal Academy of Arts, em Londres. Ela mora na Inglaterra desde 2018. Em depoimento a Marcela Capobianco.

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