O feriado de Corpus Christi, nesta quinta (11), marcou a reabertura dos shoppings na cidade do Rio de Janeiro. Alguns estabelecimentos comerciais, principalmente na Zona Norte, registraram filas e aglomeração nas entradas. Tanto na quinta (11) quanto na sexta (12), o céu claro e o sol forte fizeram com que muitos cariocas fossem às praias.
De acordo com o decreto municipal, está liberada a prática de exercício nos calçadões e no mar. Não é permitido estender canga na areia para tomar sol. Em Copacabana, banhistas eram alertados por policiais militares, nesta sexta (12), a caminhar pela areia em vez de ficar parados.
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Especialistas ouvidos por VEJA Rio acreditam que as medidas de relaxamento vão levar a um aumento do número de casos de Covid-19 nos próximos daqui a duas semanas. Afinal, o consenso internacional é de que o afrouxamento só deve acontecer quando a taxa de contágio na cidade é menor que 1. Atualmente, o Rio de Janeiro tem taxa de cerca de 1,8, como explica o epidemiologista da UFRJ Roberto Medronho.
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“O período de isolamento social no Rio foi fundamental para a redução do número de casos. Houve muitas mortes porque os hospitais de campanha, infelizmente, demoraram a inaugurar ou sequer foram abertos. Sem UTI disponível, pessoas acabaram morrendo. Chegamos a registrar 60% de isolamento em março, o que é bom, mas ainda abaixo do ideal. Hoje, o isolamento caiu para cerca de 50%. A meu ver, o relaxamento foi precoce”, esclarece Medronho.
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“O prefeito Crivella anunciou um plano de relaxamento com várias fases determinadas, mas antes do início da segunda fase, já começou a atropelar o próprio plano, cedendo a pressões dos empresários ao reabrir os shoppings. Para a população, fica parecendo que ‘liberou geral’, mas não deve ser assim”, complementa.
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Para a pneumologista Margareth Dalcolmo, a prefeitura do Rio estabeleceu as medidas de relaxamento após a redução da ocupação dos leitos dos hospitais, mas há um risco envolvido nesta decisão.
“A taxa de transmissão do coronavírus varia de bairro para bairro. Por isso, fica difícil mensurar o número real. Há o risco de que daqui a 12, 14 dias o número de casos volte a aumentar. Para perceber isso, é só ver os exemplos de países como a Alemanha e a Coreia do Sul, que viram o recrudescimento dos casos de Covid-19 ao fazer algumas concessões durante o isolamento”, aponta a médica.
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O clínico geral e intensivista Luis Fernando Correia classifica a atitude de Marcelo Crivella como genocida. “Não é momento para reabrir a economia só por causa do dia dos namorados. Um estudo da Universidade de Pelotas mostrou que o Rio é uma das cidades do país com maior crescimento da disseminação do coronavírus”, afirma o médico. “É normal que as pessoas estejam ansiosas para sair casa após o longo período de isolamento, mas a aglomeração vai levar, certamente, a novas hospitalizações”, finaliza.