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Carioca Nota 10: AnaLu Palma

A atriz e professora criou um projeto de livros falados para ajudar pessoas com deficiência visual

Por Caio Barretto Briso
Atualizado em 5 dez 2016, 14h24 - Publicado em 12 jun 2013, 15h59
Foto: Selmy Yassuda
Foto: Selmy Yassuda (Redação Veja rio/)
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Atriz, mestra em teatro e apaixonada por literatura AnaLu Palma descobriu sua vocação para ajudar o próximo em meio a uma sessão de meditação. De olhos fechados e tentando se concentrar no exercício, teve um lampejo: por que não propiciar às pessoas cegas a emoção de ouvir obras dos grandes escritores confortavelmente em casa a partir de gravações de áudio? A ideia foi o ponto de partida para o Projeto Livro Falado, que poucos dias depois saía do papel com o apoio da Academia Brasileira de Letras. O primeiro clássico a ganhar uma versão gravada pela atriz Léa Garcia foi Esaú e Jacó, de Machado de Assis. “Começar o projeto com o autor maior da língua portuguesa nos trouxe sorte”, diz AnaLu, que, posteriormente, gravou ela mesma uma versão de Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, seguida de várias outras obras-primas da literatura brasileira.

“Muitos cegos não são alfabetizados em braile. Com os livros em áudio damos novas opções a eles”

Treze anos depois das primeiras gravações, a biblioteca oral imaginada por AnaLu já acumula 360 obras disponibilizadas em formato digital de áudio no portal Acessibilize-se, mantido pela Universidade Estácio de Sá, com o apoio do Ministério da Cultura. Além desses textos, há outros 280 já gravados e, até o fim do ano, mais 1?000 deverão ser incorporados à coleção. Para utilizá-la, basta ao deficiente visual se cadastrar no site. “Muitos cegos brasileiros não têm a alfabetização em braile, o que dificulta o acesso aos textos. O que queremos com nosso projeto é dar autonomia a qualquer pessoa que se interesse pelas obras”, explica. Atualmente, AnaLu se dedica a treinar voluntários para a gravação de novos títulos, o que requer domínio da entonação e do ritmo de leitura. Mais de 2 000 pessoas já participaram de suas oficinas, entre elas um rapaz que, empenhado em ajudar um cego a se formar em direito, gravou todos os livros obrigatórios do curso e também textos secundários, em um total de 2?000 fitas cassete. O esforço valeu a pena: o aluno se formou e está exercendo a profissão.

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