Rodrigo Lombardi, a história do astro
Ele foi jogador de vôlei, garçom e agente de viagens antes de receber o convite para um teste na Globo. Coisas do destino? Pode ser. Mas o protagonista da nova minissérie O Astro diz que não existe truque nem mistério na hora de ser feliz. O segredo é ter fé
Por três dias consecutivos, o ator Rodrigo Lombardi não economizou energia correndo pelas ruas íngremes e calçadas de paralelepípedos de Antonina, cidade histórica do litoral paranaense, fugindo de uma multidão armada com paus e pedras. Ossos do ofício. O esforço fez parte do pacote das cenas iniciais de seu novo personagem, Herculano Quintanilha, na minissérie O Astro, releitura da novela de Janete Clair, exibida em 1977. Protagonista da trama, que estreia este mês na Rede Globo na faixa das 22 horas, aparecerá bem diferente dos galãs românticos que o projetaram para a fama. ?Herculano é o anti-herói, um cara normal que pode estar na porta ao lado?, diz o ator, encantado por viver o personagem interpretado no passado por Francisco Cuoco. Os dois contracenarão ao longo da minissérie, porque Herculano aprenderá com ele as artes ilusionistas. ?Encaro isso como uma curtição e não como um peso?, afirma Rodrigo, que não quis assistir à história original para não se influenciar. Para o papel, porém, precisou aprender vários números de mágica. Hoje se diverte ao ouvir dezenas de vezes que daqui por diante vai economizar dinheiro por não precisar contratar mágico para as festinhas de aniversário do filho, Rafael, de 3 anos. De jeans justo e camiseta, contou estar totalmente à vontade com os turbantes que ostentará na telinha. Afinal, foi com Raj, de Caminho das Índias (2009), que esse paulistano de 34 anos foi alçado ao estrelato. Ele queria seguir a carreira de ator desde a adolescência, quando desistiu de ser jogador de vôlei e entrou para um grupo de teatro amador. Mas as finanças pediam que deixasse o sonho de lado, pelo menos por um tempo. ?Tive um histórico familiar com muitos altos e baixos.? Filho de uma dona de casa, Rose, e de um representante comercial, Ari, aos 20 anos começou a ajudar o pai, na época adoentado (faleceu em 2003), a sustentar os irmãos. Rodrigo é o segundo de uma prole de cinco. Também já trabalhou como garçom e agente de viagens. Precisou dar muito nó em pingo-d?água antes de estrear, em 1998, em Meu Pé de Laranja Lima, na TV Bandeirantes. Depois vieram participações em Marisol (2002), no SBT, e Metamorphoses (2004), na Record. Estava preenchendo fichas em lojas na tentativa de arrumar um emprego fixo para pagar as contas quando um produtor da Rede Globo o viu em cartaz na peça Mandrágora e convidou-o para um teste de elenco de Bang Bang (2005). ?Há dez anos, minha carreira se baseava em estudos e sonhos. Nos últimos cinco, em tentativas e erros. Hoje, já posso afirmar que é o começo de uma era de realizações. Assim como tive vitórias, vivi derrotas. Elas são importantes para lembrar que somos humanos e estamos sujeitos ao erro.? Sua maior conquista profissional? ?É poder dizer que sou um homem independente.? A trajetória nos palcos, onde atuou em 12 peças, também é motivo de orgulho. ?Fazer teatro é aprender sobre a vida.? A relação com as fãs é tranquila ? o assédio não chega a ser um problema. ?Nunca foram afoitas a ponto de puxar meu cabelo. Já aconteceu de, num shopping, na época do Raj, os seguranças terem de fazer corredor para eu passar. Na tentativa de me tocarem, tomei sapatada na cara e tapa. Normal. Dá medo no início, mas, como tudo, aprende-se a lidar.?
A vida longe dos flashes
Caseiro, abriu mão dos exercícios, do vôlei e do golfe para ficar com a família. E esse físico invejável? ?Sou a pessoa mais junkie food do mundo.? Sortudo. Casado com a maquiadora Betty Baumgarten, que conheceu no fim das gravações de Bang Bang, conta que a mulher não é ciumenta: ?O ciúme está presente em qualquer relação. Mas sou um cara muito tranquilo e nunca dei motivo?. A seu jeito, é romântico. ?Já fui romantiloide: aquele que faz todos os clichês, acreditando que é a demonstração ideal de amor. Mas romantismo é ir em busca da necessidade do outro.? Ter um filho era um sonho. ?No momento, sou um pai ausente. Dói. Mas quando o Rafael me dá um abraço é como se dissesse: ?Pai, está tudo bem?.? A dureza do passado fez com que o ator ficasse cauteloso com o dinheiro. ?Não é porque você tem que pode desperdiçar. Comprei minha casa, que estou reformando, e procuro fazer, quando dá tempo, uma viagem bacana. Também tenho um bom carro. O resto invisto em escola de qualidade, natação do meu filho e diversão em família. Não alimento grandes ambições financeiras.? Algum defeito? ?Esqueço de tudo. O Marco Ricca, meu compadre, vive dizendo que precisa se despedir de mim três vezes, porque sempre volto por ter esquecido alguma coisa.? Assim como a família, a espiritualidade tem peso na vida do ator. ?Experimentei religiões e já estudei a Bíblia. Hoje, tenho uma religiosidade diferente. Ao acordar, procuro um cantinho de céu para olhar e agradecer por aquele dia. Converso muito com Deus, sozinho no trânsito, no banco e entre uma cena e outra. Quando vejo, já estou falando em voz alta. Quem olha acha que sou maluco. Devo ser um pouco mesmo.? Também adora ir a igrejas vazias. ?Nada me agrada mais do que o silêncio?, diz. Ficar quietinho antes de começar um trabalho é uma de suas poucas superstições. ?Gato preto? Pego no colo.?
Oráculo da amizade
?Rodrigo tem índole maravilhosa e não é tão bonito quanto as pessoas pensam (risos). Vai ser muito bom trabalhar com ele. Difícil será não atrapalharmos o set com as brincadeiras?
MARCO RICCA, QUE FARÁ O ANTAGONISTA DE HERCULANO
?Ele é um cara bonito, sim, que fotografa bem! E está sempre disponível?
MAURO MENDONÇA FILHO, DIRETOR-GERAL DA TRAMA
?Não tem mau tempo com o Rodrigo. Tranquilo e pé no chão, encara o trabalho como um ofício. Todo mundo gosta dele na equipe?
CAROLINA FERRAZ, QUE FARÁ PAR ROMÂNTICO COM O ATOR