Cinco programas imperdíveis para o fim de semana
Confira a seleção especial de VEJA RIO para deixar seu fim de semana ainda mais animado
1 – Assistir à peça Bonitinha, Mas Ordinária
Alvo de permanente polêmica, Nelson Rodrigues (1912-1980) certa vez se deu à pachorra de explicar a própria obra. “As senhoras me dizem: ‘Eu queria que os seus personagens fossem como todo mundo’. E não ocorre a ninguém que os meus personagens são como todo mundo, daí a repulsa que provocam.” Faz sentido, portanto, que as figuras criadas pelo autor para este drama estejam misturadas à plateia na montagem da Cia. Teatro Portátil. Ao longo do espetáculo, elas vão das cadeiras ao palco, e vice-versa, para contar a história de Edgard (Guilherme Miranda). O ex-contínuo recebe uma proposta que o fará subir na vida: para tanto, deve se casar com Maria Cecília (Julia Schaeffer), filha de seu patrão, o rico doutor Werneck (Marcello Escorel). O rapaz, no entanto, é apaixonado por Ritinha (Elisa Pinheiro), moça pobre que faz de tudo para sustentar a mãe e as irmãs mais novas. A direção de Alexandre Boccanera reforça nos atores o uso da voz e despe um tanto a montagem de seu aspecto sexual ou escandaloso — o que evidencia ainda mais a reconhecida carpintaria dramática de Nelson. No elenco equilibrado (formado também por Ana Moura, Anderson Cunha, Cláudio Gardin, Laura de Castro, Márcio Freitas e Morena Cattoni), Elisa aproveita com gosto, mas sem histrionismo, as possibilidades do seu papel, de pureza aparente (75min). 16 anos. Estreou em 21/1/2015.
Centro Cultural Banco do Brasil — Teatro III (40 lugares). Rua Primeiro de Março, 66, Centro, ☎ 3808-2020. → Quarta a domingo, 19h30. Não haverá sessões até domingo (15). R$ 10,00. Bilheteria: a partir das 10h (qua. a dom.). Até 1º de março.
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2 – Curtir o show de Zé Paulo Becker
Reduto pioneiro da música na Lapa, o Bar Semente abriu as portas em 1998 — e, desde então, o violonista carioca toca por lá nas noites de segunda-feira. A jam à brasileira sob os Arcos já virou tradição e atrai nomes ilustres (Chico Buarque deu canja por lá na semana passada). No sábado (21), no palco do Sérgio Porto, Becker começa a gravar o seu primeiro DVD. O trio que o acompanha no Semente, formado por Carlos César (bateria), Caio Márcio (guitarra) e Tiago Souza (bandolim), ganha o reforço de Rômulo Duarte (baixo) e Bernardo Aguiar (pandeiro). Ao lado do quinteto, o músico apresenta composições próprias, como Choro da Miranda e a inédita Clara, além das clássicas Cochichando, de Pixinguinha, e Amor Proibido, de Cartola. No trabalho-solo ou em projetos como o Trio Madeira Brasil, o instrumentista, que começou defendendo repertório erudito, notabilizou-se por conciliar virtuosismo e fácil comunicação com o público. Livre.
Espaço Cultural Sérgio Porto (250 lugares). Rua Humaitá, 163, Humaitá (entrada pela Rua Visconde e Silva), ☎ 2535-3846. Sábado (21), 20h. R$ 40,00. Bilheteria: 17h/19h (qua. a sex.); a partir das 17h (sáb.).
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3 – Levar as crianças para curtir Pedro Malazarte e a Arara Gigante
Terminada a temporada, o espetáculo encerrou 2014 com oito indicações ao Prêmio CBTIJ de Teatro para Crianças e quatro ao 9º Prêmio Zilka Sallaberry. Foi lembrado em categorias como melhor texto, direção e espetáculo. Uma das melhores peças do ano passado, ✪✪✪✪ Pedro Malazarte e a Arara Gigante volta ao circuito a partir de sábado (21), desta vez no Imperator. Levado à cena, o texto de Jorge Furtado ganhou direção de Débora Lamm e elenco de primeira. O papel do malandro Pedro Malazarte, o protagonista da trama, foi entregue a George Sauma. Figura marcante nos contos tradicionais da Península Ibérica e no folclore brasileiro, o personagem entra na história ao testemunhar um acidente de carro entre Janota (João Pedro Zappa), típico garoto da Zona Sul, e a galinha Berenice (Luisa Arraes). Dono de uma lógica toda própria, Malazarte faz o novo amigo penar para compreendê-lo e conseguir ajuda. Também no elenco, o ator Cadí Oliveira arranca risadas ao interpretar uma vaca. A trilha sonora, assinada por Ricco Viana, é executada pelos próprios artistas, acompanhados pelo instrumentista André Singaud (60min). Rec. a partir de 2 anos. Reestreia prevista para sábado (21).
Imperator — Centro Cultural João Nogueira (490 lugares). Rua Dias da Cruz, 170, Méier, ☎ 2597-3897. → Sábado e domingo, 16h. R$ 30,00. Bilheteria: a partir das 10h (sáb. e dom.). Até 15 de março.
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4 – Apreciar as obras de Athos Bulcão na Caixa Cultural
Invariavelmente associada ao projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer e Lucio Costa, a paisagem de Brasília não seria a mesma, no entanto, sem a contribuição pontual dos painéis do artista carioca. São de Bulcão os belos trabalhos de azulejaria que adornam o Aeroporto Juscelino Kubitschek e o Congresso Nacional, entre várias outras edificações públicas da cidade — de cuja construção, aliás, ele participou desde a fase inicial. Dono de vários talentos, Bulcão (1918-2008) tem especificamente essa faceta de sua produção enfocada na mostra Tradição e Modernidade, em cartaz na Caixa Cultural. Sete reproduções oficiais de seus trabalhos estão reunidas em uma das salas, e grande parte delas foi realizada na capital federal. A maior (e uma das mais belas do acervo exposto) é a do painel que enfeita a Igrejinha Nossa Senhora de Fátima, projetada por Niemeyer, com seus pássaros brancos e estrelas negras alternados sobre um fundo azul. Também marcam presença os murais da Rodoferroviária de Brasília e os do já citado aeroporto, além de uma obra feita para o Teatro Nacional Claudio Santoro — esta não com azulejos, mas com cubos de concreto pintados de branco que se elevam da parede. Bulcão ainda colaborou com Niemeyer em trabalhos no Rio, a exemplo do painel criado para a Praça da Apoteose, também presente na mostra. Vale observar as plantas que acompanham os murais, reveladoras das intenções prévias do artista.
Caixa Cultural — Galeria 2. Avenida Almirante Barroso, 25, Centro, ☎ 3980-3815, ↕ Carioca. → Terça a domingo, 10h às 21h. A instituição reabre na quinta (19). Grátis. Até 8 de março.
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5 – Conhecer o The Boua, novo bar de Botafogo
Não importa o dia. Na cena boêmia de Botafogo, a Rua Nelson Mandela se tornou um dos destinos mais procurados. Incentivados pelo bom movimento da Harad Choperia, aberta em 2012, os sócios da casa decidiram investir em mais uma empreitada por ali mesmo. O recém-chegado, em atividade desde janeiro, tem mesas na calçada, como boa parte da vizinhança, além de espaço no salão com decoração que vai direto ao ponto: lá dentro, um grande e chamativo letreiro iluminado exibe a palavra beer. Há ainda um mezanino, onde fica a mesa de sinuca (R$ 3,00 a ficha). Onze torneiras de chope já estão em funcionamento, mas a meta é chegar às dezoito até o início de março — número que será o terceiro maior da cidade, atrás das 22 do Pub Escondido, CA e das vinte do Botto Bar. No The Boua, a americana Brooklyn, a alemã Paulaner e a belga Delirium Tremens têm lugar garantido, assim como os chopes da casa nos tipos lager (R$ 9,50, 300 mililitros) e weiss (R$ 11,00, 400 mililitros). A modesta carta de drinques completa as opções de bebida. Para beliscar, explore o cardápio elaborado pela chef Maria da Paz. Os bolinhos de arroz arbóreo, queijo e ervas (R$ 27,00) chegaram em generosa porção de doze unidades, ladeados por geleias de pimenta e de pétalas de rosa, mas a melhor pedida foi mesmo o saboroso parmigiana aperitivo no palito (R$ 38,00).
Rua Nelson Mandela, 100, loja 108, Botafogo, ☎ 3083-7420 (200 lugares). 17h/2h (dom. e ter. até 1h; fecha seg.). Aberto em 2015.
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