Você se identifica com seu personagem? A personalidade libertária, provocativa e até libertina do Molière me soa familiar, assim como também me identifico com o Racine, o antagonista do Molière, que acaba trabalhando para os poderosos e se encantando com os benefícios do poder. A peça é sobre isso, é sobre como o poder utiliza a arte e os artistas de acordo com o seu interesse ao longo da história, e vice-versa.
A peça foi escrita por uma autora mexicana. Acredita que essa história tenha algo em comum com a realidade brasileira? A Sabina Berman é genial e conseguiu, ao mesmo tempo, fazer um texto tanto divertido e acessível quanto profundo e filosófico. E o fato de ela ser mulher interferiu no andamento e no encaminhamento das questões colocadas, que ganham tons diferenciados. Como latina, ela trouxe elementos que também atingem mais o coração dos brasileiros.
Você acha que o teatro vive um bom momento? Muita coisa ficou calada no coração, na garganta, e existe uma sede, deliciosa, linda, das pessoas querendo degustar de novo essa cerimônia pagã, esse encontro filosófico, esse ritual filosófico de rir e chorar que o teatro é. Está bem bonito de se ver o reflorescimento do teatro no Rio e no Brasil como um todo
Teatro Prudential. Rua do Russel, 804, Glória. → Sex. e sáb., 20h. Dom., 19h. R$ 30,00 a 70,00. Ingressos pelo https://www.sympla.com.br. Até 2 de outubro.
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