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Balanço positivo nas finanças do Flamengo

Criticada por torcedores e rivais dentro do clube, a direção do Flamengo entrega resultados positivos na área financeira

Por Rafael Cavalieri
Atualizado em 2 jun 2017, 12h59 - Publicado em 25 set 2014, 11h12
Jogadores do Flamengo treinam na Gávea. Clube está com balanço positivo
Flamengo: na última segunda (18), o elenco se apresentou para realização de exames, no dia seguinte foi submetido a testes físicos (Divulgação/Reprodução)
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No próximo domingo, o Flamengo entra no Maracanã com um desafio grande: bater o Fluminense para avançar com tranquilidade pelo Brasileirão. Nas duas últimas rodadas, uma vitória contra o Corinthians no domingo passado (14) e um empate com o Palmeiras na quarta (17) refletiram a irregularidade da equipe comandada pelo técnico Vanderlei Luxemburgo. Mas também garantiram certo alento à torcida por manter o time a uma distância segura da zona de rebaixamento. A mesma situação de calmaria vivida em campo se repete nos gabinetes da sede, na Gávea. Ali, os resultados financeiros do primeiro semestre permitiram aos diretores comemorar uma sutil recuperação em meio a uma crise crônica, que se estende por anos a fio. Entre janeiro e julho, a receita bruta cresceu 61,5%, de 102 milhões para 164 milhões de reais. Trata-se de uma conquista alvissareira, mas não significa que o clube esteja nadando em dinheiro. A monstruosa dívida de 720 milhões de reais, boa parte dela formada por taxas e impostos não recolhidos em gestões anteriores, segue lá a assombrar a atual administração. “Estamos pagando mais de 100 milhões em impostos por ano, o que é muito dinheiro”, diz o vice-presidente de finanças, Rodrigo Tostes. Ele, entretanto, permanece otimista com a perspectiva de sair do atoleiro. “É só não gastar mais do que se arrecada. Mantendo a receita, teremos uma sobra de caixa em 2016.”

 

O aumento no faturamento do time se deve basicamente a três fatores: direitos de transmissão, bilheteria e patrocínio. Enquanto nos primeiros meses de 2013 o clube jogava com a camisa estampada por apenas duas marcas (Peugeot e BMG), hoje carrega o logotipo da Caixa Econômica Federal, que lhe rende pouco mais de 2 milhões de reais ao mês. A Adidas substituiu a Olympikus como fornecedora oficial de material esportivo em um dos maiores contratos do tipo no país, avaliado em 35 milhões de reais por ano. A torcida também voltou aos jogos, graças a ações como a Sócio Torcedor, e alavancou a arrecadação de bilheteria em 353% — de 3,6 milhões para 16,5 milhões de reais. “O potencial do clube é enorme. Mas os custos e as despesas, como empréstimos, ainda estão altos”, aponta o consultor Amir Somoggi, especialista em marketing e gestão esportiva.

A performance rubro-negra
A performance rubro-negra ()
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O bom desempenho financeiro tem seu preço. Isso se reflete no futebol. Não faltam reclamações sobre a qualidade do elenco, claramente inferior à dos melhores do país, apesar dos títulos do Carioca deste ano e da Copa do Brasil de 2013. No Brasileirão, a equipe flertava fazia pouco mais de um mês com o risco de um inédito rebaixamento. Tostes e os demais integrantes da atual gestão admitem que craques com salários milionários estão descartados dos planos a curto prazo. “Canso de ouvir que não entendemos o mundo do futebol. É a mais pura verdade: não entendo como é possível deixar de pagar seus compromissos para contratar um atleta com salário de 800 000 reais por mês. Tampouco entendo como não se recolhe imposto para pagar bicho de jogador”, diz Tostes. A premiação dos jogadores foi finalmente paga na semana passada, mas ainda persistem os cinco meses de atraso no acerto de direito de imagem de seis jogadores: Leo Moura, Felipe, Mugni, Chicão, Cáceres e Éverton. “É um problema pontual que vamos resolver em breve”, promete o vice de finanças.

 

O resultado dos balancetes do Flamengo acaba destacando o clube em meio a seus pares cariocas. O Fluminense vem sofrendo com penhoras, está sem dinheiro em caixa e tem dificuldade para avançar em situações básicas, como a renovação de contrato de alguns jogadores. A patrocinadora Unimed, que antes irrigava os cofres do clube, diminuiu drasticamente o investimento. No Botafogo, a situação é ainda pior, uma vez que a agremiação chegou a atrasar quatro meses os salários previstos na carteira de trabalho, o que levou à saída do lateral-direito Lucas, por decisão judicial. O alvinegro chegou a pedir ajuda a torcedores ilustres, que emprestaram dinheiro do próprio bolso. Na noite de quarta, no Maracanã, uma nova derrota lançou o clube à zona da degola do campeonato. Na segunda divisão, o Vasco se vale, desde o ano passado, de uma equação inusitada: paga um mês a cada dois, evitando o atraso do terceiro. Ainda com um longo caminho a percorrer, o Flamengo é o primeiro clube do Rio a entrar na estrada certa fora de campo. Que permaneça nela.

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