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Alcione declara seu amor pela Mangueira

A cantora maranhense chegou a verde e rosa em 1974 se se apaixonou

Por Pedro Moraes
Atualizado em 23 fev 2017, 18h12 - Publicado em 23 fev 2017, 18h00
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  • Alcione
    (Daryan Dornelles/Divulgação)

    O verde e o rosa entraram na vida da menina maranhense pelas páginas da revista O Cruzeiro. Ela ficou extasiada com baianas em plena evolução, rodopiando na foto de capa. “Achei aquilo tão bonito que minha mãe passou a comprar vestidos das mesmas cores para mim e para minha irmã. Saíamos como um par de jarros”, conta. No Rio desde o fim da década de 60, onde deslanchou a carreira de cantora, Alcione visitou a quadra da Mangueira pela primeira vez em 1974 e logo foi convidada a desfilar. Na concentração, a ausência de um destaque levou a bela estreante ao alto de um carro alegórico. Não deu outra: a foliã improvisada ganhou as revistas, fantasiada de verde e rosa como as personagens que a haviam encantado quando pequena. O amor ao primeiro desfile a trouxe de volta ano a ano. Cada vez mais à vontade, Alcione recebeu a bênção de Cartola (1908-1980) e conquistou a amizade das duas matriarcas mangueirenses: Dona Zica (1913-2003), mulher do glorioso sambista, e Dona Neuma (1922-2000), filha de Saturnino Gonçalves (1897-1935), fundador e primeiro presidente da agremiação. Em 1988, ela criou a Mangueira do Amanhã, escola de samba com programação de projeto social, voltada para crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos. A regra é clara: só participa quem está estudando. “Estendi as mãos e fui pedir. Ganhei muito pedaço de pano e os meninos cresceram, desfilam até hoje”, diz, orgulhosa, a atual presidente de honra da escola mirim. De sua longa história com a Estação Primeira, persiste ainda uma lembrança proustiana. A madeleine de Alcione, 69 anos — equivalente mangueirense ao bolinho que, no romance Em Busca do Tempo Perdido, do escritor francês Marcel Proust, leva o narrador da obra de volta à infância —, é uma fornida porção de arroz com feijão. “Não podia chegar ao morro sem visitar Dona Zica e Dona Neuma. A qualquer hora tinha um prato à minha espera. Nunca comi igual, ainda lembro do cheiro”, conta, cheia de saudade.

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