Campeonato de tênis carioca busca maior importância internacional
Quarta edição do Rio Open acontece a partir de segunda (20) no Jockey Club Brasileiro
Não tinha para ninguém em 1933. O melhor do mundo, Jack Crawford venceu naquele ano o Aberto da Austrália, sua terra natal, o Aberto da França, mais conhecido como Roland-Garros, e o torneio de Wimbledon, na Inglaterra. Só faltava uma competição, o US Open, para faturar o Grand Slam. A expressão, novidade à época, emprestada do carteado do bridge pelo jornalista americano John Kieran, equivale, em português (mas sem a mesma graça), a algo como “êxito completo”, e passou a definir a proeza de conquistar os quatro principais torneios de tênis do planeta no mesmo ano. Crawford não deu sorte — o primeiro a alcançar tal façanha foi o americano Don Budge, em 1938 —, mas, desde então, o glamour, a audiência e o dinheiro que giram em torno dos duelos nas quadras só fazem aumentar. A caminho da quarta edição, o Rio Open ainda está a muitos sets do circuito onde brilharam Crawford, Budge e craques brasileiros como Gustavo Kuerten, tricampeão em Roland-Garros. No entanto, com a alentada programação que ocupa o Jockey Club de segunda (20) a domingo (26), o evento carioca aspira a uma posição de maior destaque no concorrido cenário do tênis internacional.
Na classificação da Associação de Tenistas Profissionais (ATP), o Rio Open é um ATP World Tour 500. Desde a primeira edição, em 2014, os organizadores da competição perseguem a promoção à categoria Master Class 1000 — série de nove torneios que só fica abaixo, em importância, do ATP World Tour Finals e das cobiçadas provas do Grand Slam. O prêmio em 2017, de 4,5 milhões de reais, vai ser disputado na cidade por nomes consagrados, como o espanhol David Ferrer, e craques no top ten do ranking da ATP, a exemplo do japonês Kei Nishikori, entre outras estrelas do esporte (veja o quadro acima). “As avaliações que recebemos sobre as edições anteriores, tanto do público quanto dos jogadores, dizem que não ficamos devendo nada aos grandes campeonatos realizados pelo mundo”, afirma Luiz Carvalho, diretor técnico do torneio. A ascensão na hierarquia do tênis, porém, resulta de uma receita que, como em várias outras modalidades, é metade esporte, metade business.
Neste ano, para evitar a concorrência com uma prova simultânea em Dubai, os jogos femininos foram suspensos — mas podem ser retomados no futuro. A organização concentrou-se nas partidas masculinas, individuais e de duplas. Sessenta atletas convocados vão encontrar, portanto, horários de treino ampliados e partidas iniciadas mais tarde, sem tanto calor. A satisfação do público também é levada em conta na avaliação da ATP, presente no Rio através de quinze representantes. Para a plateia esperada, de 50 000 pessoas, que desembolsa entre 30 e 670 reais pelos ingressos, foi montado um atraente complexo de nove quadras, lazer e gastronomia. A lista de itens comestíveis vai de sanduíche exclusivo, criado pelo chef Pedro Benoliel, do projeto Brasa BBQ, ao famoso picadinho do mestre-cuca Batista, da CT Brasserie. No Leblon Square, área interativa de mais de 10 000 metros quadrados, telões ao lado do bar da cervejaria Stella Artois exibirão os embates. Barbearia grátis, atrações musicais e a loja oficial completam o programa.
Pesquisa realizada em 2015 pelo Ibope Repucom, especializado em marketing esportivo, revela que o número de fãs do tênis no Brasil saltou de 14% da população, em outubro de 2014, para 29%, em meados do ano seguinte. “Cada vez mais vejo crianças com vontade de praticar o esporte”, diz Ricardo Acioly, diretor de relacionamento do Rio Open. Não se trata de uma opinião emitida da boca para fora, já que ele investe nisso: em janeiro, Acioly abriu a TechSet Tenis, academia com oito quadras dentro do Vogue Square, na Barra. Entre a paixão carioca pela modalidade, a consolidação do evento no calendário da cidade e as boas graças da ATP, o Rio Open busca seu lugar ao sol.