Assim como muitas pessoas, a produtora cultural Cecília Rabello sempre teve vontade de fazer algo na área social. A oportunidade chegou de carona por ocasião das comemorações dos 95 anos do G.R.E.S. Portela. No último dia 14, ela lançou o projeto Por Telas, com um show emblemático do pai, Paulinho da Viola, com Marisa Monte, na quadra da escola de samba. Apesar de a música ter sido o pontapé inicial, a ação está voltada para o audiovisual e atende moradores de 18 a 80 anos de Madureira, Oswaldo Cruz, Bento Ribeiro, Marechal Hermes e Rocha Miranda. “A intenção é entrar nessas comunidades para ouvir as pessoas. Quero pôr uma câmera na mão delas e deixar que registrem o que quiserem. Acredito que o cinema é uma excelente ferramenta de inclusão social, conhecimento e cidadania. Por isso, optei por ele, e não pela música”, explica Cecília. O curso, com duração de três meses, já começou e oferece, gratuitamente, aulas de roteiro, direção, produção, fotografia, som, montagem, direção de arte e direitos autorais. Tudo acontece na própria quadra da escola, em Madureira, sempre às terças e quintas. No final do processo, a ideia é selecionar os cinco melhores roteiros de curtas-metragens para produzi-los e filmá-los, com a participação dos alunos. “Vamos exibir os filmes na quadra e queremos inscrevê-los em festivais nacionais e internacionais”, revela Cecília, que, para a empreitada, conta com o apoio do cineasta André da Costa Pinto (coordenador do curso) e de mais dez profissionais ligados à área. “Como ainda não temos patrocínio, todos estão nessa por amor. O único suporte que temos vem do Canal Brasil, que emprestará equipamentos e ajudará na seleção das histórias”, explica. Ainda há a promessa de os filmes entrarem na grade de programação da emissora — o que renderá o pagamento de direito autoral aos alunos. O projeto ainda dá seus primeiros passos, mas Cecília já faz planos para expandi-lo, com outras frentes como oficinas de moda e de formação de youtubers. “Meu sonho é ver todas as salas da Portela ocupadas, como uma universidade. Quero ter a possibilidade de transformar a vida de pelo menos uma pessoa. Fazer a diferença para melhor é algo que me emociona, me dá energia e vontade de viver.”